[Resenha] Orgulho e Preconceito – Jane Austen

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Esse foi meu primeiro contato com Jane Austen e resolvi começar por sua obra mais famosa, já que o filme sempre foi um de meus prediletos. Não poderia começar minha resenha sem antes dizer que Austen me conquistou à primeira leitura.

Nome: Orgulho e Preconceito
Autor: Jane Austen
Editora: Pé da letra
Páginas: 244
Nota: 4,5

Orgulho e Preconceito” é aquele tipo de livro que por mais que você já saiba o que ocorre, e já inicie a leitura tendo certeza de que não vai encontrar nada de ousado demais ou diferente demais, ainda assim é possível se sentir ansioso pelos acontecimentos narrados na história e pela forma como eles ocorrem, sendo totalmente possível se sentir completamente deslumbrado com a narrativa impecável de Austen e com a magnífica ambientação da história.

O seu coração fora apenas ligeiramente afetado. E seu amor próprio se aplacava com a reflexão de que se a fortuna o tivesse permitido, ela, Elizabeth, teria sai a escolhida.

O que a princípio podemos definir como um daqueles romances “cão e gato”, evoluí de forma delicada e sutil para uma espécie de “Pepe Le Pew” e por fim nos brinda com o típico romance à lá “Romeu e Julieta”.

E sim, durante a trama o casal principal vai ter vários problemas a serem superados o que torna a narrativa rica e agradável de se acompanhar, já que dessa forma, acaba possuindo na medida certa drama, romance, intrigas, traições e até mesmo um pouco de suspense que consegue durante algumas páginas deixar o leitor aflito e com o coração apertado.

O clichê e a personagem ousada para a época

O clichê do casal que se apaixona é evidentemente óbvio em “Orgulho e Preconceito”, afinal podemos dizer que este livro é o percursor do famoso gênero de “romance de época”, no entanto o que difere esta obra de tantas outras é justamente a época em que foi escrita.

Sua primeira publicação data do ano de 1813 e o que mais chama a atenção nessa história ao mesmo tempo tão antiga e tão atemporal é a audácia, inteligência e porque não dizer autonomia que Austen coloca como características inconfundíveis em sua protagonista, a mocinha Elizabeth.

Afinal em uma época em que as mulheres eram praticamente obrigadas a se casar para conseguirem um bom marido que as sustentassem até o final da vida, Lizzie simplesmente impõe sua própria vontade e chega a recusar duas propostas de casamento, e porque não mencionar que uma das propostas veio de um homem absurdamente rico.

Elizabeth por si só é uma personagem maravilhosa, inteligente, decidida e que sabe exatamente o que quer. Ela não se dá por vencida e muito menos abaixa a cabeça, enfrentando sem descer do salto todos que a menosprezam, chegando muitas vezes ao ponto de dizer verdades na cara de pessoas que por serem de classes mais elevadas eram consideradas superiores a ela (o que na época é considerado falta de educação e pode significar a ruína de uma moça ou família).

São exatamente essas virtudes da moça que fazem com que o frio coração do orgulhoso Mr. Darcy se acalente e o faça se apaixonar por ela.

Eu que me orgulhava tanto do meu discernimento, da minha habilidade! Eu, que tantas vezes desdenhei a generosa candura da minha irmã, e gratifiquei a minha vaidade com inúteis e censuráveis desconfianças. Como é humilhante esta descoberta! Mas como é justa esta humilhação! Eu não poderia ter agido mais cegamente se estivesse apaixonada! Mas a vaidade, não o amor, foi a minha loucura! Lisonjeada com a preferência de uma pessoa e ofendida com a negligência da outra, logo no início das nossas relações cortejei a parcialidade e a ignorância e expulsei a razão. Até este momento eu não conhecia a minha verdadeira natureza.

Mr. Darcy é um personagem fascinante, um homem de caráter frio e se formos levar ao pé da letra, um rapaz mimado que cresceu em volta de uma redoma dourada de luxo ouvindo “sim” praticamente a vida inteira.

Quando ele então conhece a senhorita Elizabeth e testemunha todas as encantadoras virtudes da moça, incluindo o fato de que ela pouco se importava se ele era importante ou não, Darcy se vê em confronto com seus próprios sentimentos, afinal não é à toa que a obra se chame “Orgulho e Preconceito”, duas das principais e mais pesadas características do rapaz.

Uma tal mudança num homem tão orgulhoso produzia não somente espanto, mas gratidão. Pois só podia ser atribuída ao amor, e a um amor ardente. E a impressão que sobre ela esse amor produzia não era de modo algum desagradável, embora não pudesse ser exatamente definível.

Sem dúvida, Darcy é um dos personagens mais intrigantes da narrativa, já que seu caráter forte, frívolo e orgulhoso demais, faz com que em um primeiro momento o leitor sinta um ódio e desdém profundo pelo personagem.

Entretanto, é no decorrer da história e através de todo o amadurecimento de jovem que terminamos a leitura do livro tão apaixonados por ele quanto a própria Lizzie.

Sem dúvida, esse amadurecimento do personagem é o que mais chama atenção na trama, afinal, para conquistar o amor de sua vida, ele revê seus próprios preconceitos e deixa seu orgulho de lado para viver sua grande paixão.

Escrita Difícil?

Jane Austen possui uma escrita fenomenal. Os detalhes, a narrativa, tudo é extremamente belo e bem detalhado, no entanto, acaba sendo um pouco rebuscado demais para nossos dias atuais. Veja bem, é uma leitura difícil, porém não é impossível, ou seja, uma boa meia hora de leitura atenta e ininterrupta resolve facilmente essa questão.

A narrativa é lenta o que pode desagradar leitores mais árduos com ‘ação’, no entanto é a primorosa evolução dos fatos e principalmente do romance que nos enlaça de uma única vez, tornando a história agradável de ser acompanhada e ao mesmo tempo nos fazendo apreciar a escrita de Austen.

A trama é bem amarrada, possuindo uma quantidade razoável de personagens que a autora conduz muito bem durante a narrativa. Todos possuem suas funções, suas próprias histórias ou mesmo servem para compor um cenário, fazer uma intriga aqui, outra ali. Temos então uma espécie de ‘novela’ em que alguns núcleos são desenvolvidos e seus conflitos são veemente finalizados e concluídos ao longo do livro.

Orgulho e Preconceito” é aquela história que vai te deixar com um calorzinho no peito durante a leitura e uma saudade inexplicável após o término. Podemos dizer que se trata de uma obra além de seu tempo, trazendo uma personagem que de alguma forma consegue ‘quebrar’ um padrão estabelecido na época e nos apresentando uma história que reforça o quanto o amor consegue mudar as pessoas. É uma história atemporal e encantadora, merecendo ser lida, relida e apreciada por amantes da literatura.

Avaliação: 4.5 de 5.

18 respostas para “[Resenha] Orgulho e Preconceito – Jane Austen”.

  1. Avatar de Blog das Tatianices

    Foi meu primeiro contato com a autora também. E o único até o momento

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    1. Avatar de Admirável Leitura

      O que você achou da leitura? Gostou?
      Eu pretendo ler o Razão e Sensibilidade agora em Agosto em uma leitura coletiva *-*

      Curtido por 2 pessoas

      1. Avatar de Blog das Tatianices

        Eu gostei, mas não a ponto de se tornar umas das minhas preferidas da vida hahahah
        Acho que por isso, também, que ainda não li mais coisas dela

        Curtido por 1 pessoa

      2. Avatar de Admirável Leitura

        Entendo perfeitamente rsrs
        Tem autores que eu também só gostei, mas ainda pondero em ler outras coisas hehe *-*

        Curtido por 1 pessoa

  2. Avatar de Mariana Gouveia
    Mariana Gouveia

    Estou na metade desse livro.
    Bem vinda e comecei a te seguir no Instagram…
    Abraço

    Curtido por 1 pessoa

    1. Avatar de Admirável Leitura

      Oiii. Muito obrigada *-*
      Bem vinda ao meu cantinho também.
      O que está achando da leitura???

      Curtido por 1 pessoa

      1. Avatar de Mariana Gouveia
        Mariana Gouveia

        Estou gostando muito e talvez por ter acompanhado a novela o livro ganha a proporção nos personagens dos autores que fizeram o papel, por exemplo, Nathália Dill, no papel de Elizabeth deu um show. Mas ainda estou na metade.
        Abraços, e lá no meu Instagram há textos e fotografias que tiro, diferentes das dos blogs.

        Curtido por 1 pessoa

      2. Avatar de Admirável Leitura

        Vou dar uma olhada e seguir seu perfil *-*

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  3. Avatar de Submundo Literário

    Eu amo tanto esse livro!! O meu preferido da Austen até agora! Estou com Emma para ler e estou ansiosa!!

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    1. Avatar de Admirável Leitura

      Em agosto irei participar de uma leitura coletiva de Razão e Sensibilidade. Já estou ansiosa para conhecer outras obras da autora rsrs
      Emma já está na minha lista *-*
      Quando ler me conta o que achou! *-*

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  4. Avatar de BeliM

    Eu amo Jane Austen! E “Orgulho e Preconceito” é meu favorito (assim como o filme!). Cada edição que lançam, eu quero comprar. E para um clássico, Jane Austen é lento, mas muito fácil de acompanhar e se envolver. O único que não consegui foi com “Emma” (muitooo cansativo!rs). O próximo para minha leitura é “Persuasão”, que estou enrolando faz tempo, espero ler ainda esse ano! ^^

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    1. Avatar de Admirável Leitura

      A escrita da Jane é realmente maravilhosa demais.
      Meu próximo vai ser Razão e Sensibilidade agora em agosto em uma leitura coletiva *-*
      Vejo muitas pessoas falando bem de “Emma” rsrs Tenho curiosidade em ler rsrs

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    1. Avatar de Admirável Leitura

      Foi meu primeiro contato com Jane Austen, mas já amei a escrita e o livro!
      Quero ler mais livros dela haha *-*

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  5. Avatar de Ana Bookshelves

    Adoro o livro! Um dos primeiros livros que li quando tomei o gostinho pela leitura 🙂

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    1. Avatar de Admirável Leitura

      Esse livro é maravilhoso!

      Foi meu primeiro contato com Jane Austen, mas quero ler mais coisas da autora em breve *-*

      Muito obrigada pela visita e seja sempre vinda! *-*

      Curtido por 1 pessoa

  6. […] assim, é notável que ela em nada se assemelha a personalidades literárias de grande renome como Elizabeth Bennet, por exemplo. Mas, é justamente nessa simplicidade que Jane ganha o leitor.Sendo um romance de […]

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  7. […] leitura que talvez decepcione alguns leitores por não ser um romance romântico como o famoso “Orgulho e Preconceito”. Arrisco a dizer, que este é um livro sobre sentimentos, relação familiar, egoísmo e, […]

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