Um reconto feminista do mito de Pigmalião.
Nome: Galateia
Autor: Madeline Miller
Páginas: 71
Editora: Planeta
Sinopse
Aqui conhecemos Galateia, a estátua de Pigmalião que ganha vida quando este faz suas preces a deusa Vênus.
Uma mulher imersa em constantes questionamentos para compreender se é humana ou feita de mármore, pois não pediu para ter vida e se sente constantemente violada.
Sem a possibilidade de escolher seu destino, ela se observa a merce das mãos de seu criador, um homem detentor do papel de pai e também de marido.
Essa é uma leitura forte!
Quando peguei esse conto para ler, não imaginei que encontraria uma trama extremamente dolorosa, porém repleta de força feminina.
Galateia é uma daquelas personalidades femininas existentes na Mitologia Grega que não teve espaço para contar a sua versão dos fatos, uma mulher condenada a sofrer calada e aceitar o destino ardiloso tecido para ela pelos deuses. Devido a isso, acompanhar sua trajetória e divagações é cru e doloroso.
Ela não implorou para os deuses lhe proporcionarem um corpo humano, pelo contrário, foi seu criador, Pigmalião, o responsável por isso, pois para ele as mulheres reais não eram dignas, mas sim impuras, sujas e contaminadas pelo pecado da luxúria. Em sua mente doentia e perversa apenas uma mulher reconstruída do zero poderia ser perfeita.
E essas divagações são perceptíveis tanto no mito original de Ovídio, como nessa versão feminista criada por Madeline Miller que aborda através da visão da estátua o “pós”, o depois do “Final Feliz”.
A escultura, além de vida, também é agraciada com um corpo feito de carne, por isso sofre com as mudanças ocorridas em sua pele durante o envelhecimento. Ela ganha peso e estrias após a gestação e para seu criador essas pequenas imperfeições formadas pela passagem do tempo e vivência são repulsivas.
Todo mundo olhava para mim, porque eu era a mulher mais bonita da cidade. Não digo para me gabar, porque não há motivo nenhum de orgulho nisso. Não foi algo que eu tenha feito.
E perceber essas nuances misóginas do texto é infinitamente doloroso, afinal o mito original é vendido como um romance romântico, e quem se propõe a conhecer apenas a versão de Ovídio não percebe o quanto as entrelinhas dessa narrativa expõem uma relação cruel, tóxica e abusiva.
Quando reimaginamos esse enredo pelo ponto de vista da estátua, por meio dos olhos de uma mulher que acabou de nascer e nada compreende do mundo, o horror se expõe diante de nossos olhos.
Galateia é uma personagem admirável, pois enquanto toma consciência de si própria percebe que precisa agir para salvar sua filha e uma nova criação de Pigmalião produzida para satisfazer seus desejos pervertidos. Ao compreender os erros presentes nessa situação ela se afirma como uma mulher corajosa e disposta a tudo para proteger quem ama.
E isso é lindo de ler.
O amor de um artista por sua criação?!
Enquanto eu lia o Prefácio da autora, me deparei com um questionamento pertinente e interessante acerca das interpretações possíveis para o mito original.
Quando conheci essa história pela primeira vez considerei-a como uma obra responsável por exaltar a arte e a paixão de um artista por sua criação. Essa interpretação não está errada, porém é apenas uma das vertentes possíveis da narrativa.
De acordo com Miller, suas reflexões sobre a versão de Ovídio sempre se voltou para os sentimentos da estátua e a forma como a trama se dispõe a retratar a figura feminina como uma espécie de objeto sexual. Para isso a autora discorre acerca do início do texto original, com o escultor esclarecendo suas decepções com as mulheres reais, as quais ele considerava prostitutas.
E é quando eu devo abrir os olhos, tal qual uma corça jovem e fresca, para encontrá- lo inclinado sobre mim feito o sol, e soltar um pequeno arquejo de espanto e gratidão, e aí ele me come.
Dito isso, a escritora levanta um ponto pertinente, pois desde a antiguidade a ascensão feminina é vista por muitos homens com repulsa e estes preferem se refugiar em suas próprias fantasias mentais para satisfazer suas vontades egocêntricas de terem a mulher perfeita ao lado.
E qual seria essa imagem da mulher perfeita?!
Aquelas que, como uma pedra de mármore, seria submissa aos desejos masculinos.
Portanto é evidente que o enredo original pode ter uma vertente interpretativa voltada para o feminismo, não apenas isso, essa é também uma conclusão capaz de expor como a reimaginação de Miller, o fato dela conceder uma voz para Galateia, é importante na nossa contemporaneidade para esclarecer como nós, mulheres, estamos conquistando a nossa independência e o nosso espaço na sociedade.
Se eu recomendo essa leitura?!
De olhos fechados, pois a perfeição dele merece ser conhecida por todos!
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