[Resenha]Todos os Santos Malditos – Maggie Stiefvater

Existem livros mágicos!
E essa obra se destaca por ser diferente e cativar ao narrar de forma única o fantástico e inimaginável.


Nome: Todos os Santos Malditos
Autor: Maggie Stiefvater
Páginas: 336
Editora: Verus


Sinopse: No meio do deserto do Colorado existe um pequeno, isolado e mágico lugar chamado Bicho Raro. Ali, vivem os Soria, uma família descendente de Santos que podem operar milagres em qualquer um que tenha uma escuridão dentro de si. O problema, é que para esse milagre acontecer, a pessoa precisa enfrentar sua própria escuridão e isso não é uma tarefa fácil.


Resenha - Todos os Santos MalditosTodos os Santos Malditos” é aquela leitura que pode ser descrita e encarada como uma fantasia urbana repleta de realismo mágico. Entretanto, a trama prefere focar em expor o interior do ser humano e suas relações pessoais e interpessoais, do que explorar o universo em que a narrativa está inserida.

Então, deixe-me dizer que se você deseja uma história fantástica que explore e explique o mundo construído no enredo, esse não é o livro para você. Afinal, a autora, Maggie Stefvater, não foca na fantasia, mas sim na construção das relações entre os personagens.

“Quando uma pergunta é sobre um segredo, às vezes as pessoas farão seu questionamento de forma diferente, porém relacionado, esperando conseguir uma resposta que vá funcionar para ambas as perguntas.”

Ou seja, se você procura uma leitura diferente, então você tem que conhecer essa cidadezinha chamada “Bicho Raro“, um lugar composto por personagens que se veem envolvidos em seus próprios dilemas, questionamentos e dramas pessoais. São pessoas que ficam a par dos problemas alheios e focam em suas desilusões.

A trama destaca-se por destrinchar a personalidade de cada membro da família Soria, evidenciando que eles possuem a escuridão dentro de si e precisam buscar seus próprios milagres.

Uma obra que expõe a importância da família e as consequências da desunião familiar, exprimindo a dificuldade de se aceitar e amar, abordando a complexidade de compreender a diferença do outro e saber conviver com ela.

Resumindo, é uma jornada mágica e bela pelos mais profundos e intrincados sentimentos humanos.

Realismo Magico

Eu gosto bastante de livros que foquem no realismo mágico para contar uma história. Acredito que esse estilo literário torne a narrativa única ao exprimir a sua mensagem.

Em “Todos os Santos Malditos” temos um enredo construído com elementos fantásticos que não são explicados, mas esse detalhe não faz diferença, visto que nem tudo carece de um esclarecimento lógico, pois este pode tirar o encanto de uma história que não foi escrita para ser desvendada ou compreendida como um todo.

“A concepção da perfeição existe somente para que nós tenhamos algo para buscar conseguir: a impossibilidade é inerente a ela, razão pela qual a chamamos de perfeita, e não extremamente boa.”

Aqui, essa ausência de esclarecimentos colabora para que a trama seja tecida de forma a fazer o leitor interpretar determinados acontecimentos e momentos, bem como para que os próprios personagens não compreendam a magnitude daquilo que enfrentam.

Os Santos existem no enredo, mas não existe uma explicação do que eles são e do porque estão ali; os milagres ocorrem, mas não são definidos; a escuridão de cada peregrino que chega em Bicho Raro é exposta, mas não se sabe a relação dela com o próprio personagem.

São questões que, definitivamente, não tem importância dentro de toda a construção da narrativa, afinal esse é um livro sobre família.

Os Soria

Porque o que mais chama a atenção durante toda a trama é perceber o quanto esse seio familiar se encontra quebrada devido a erros e acontecimentos do passado. Todos se culpam e escondem essa culpa dentro de si, como uma escuridão que cresce dia e noite dentro de cada um.

São personagens quebrados que se escondem dos outros para não expor suas dores, medos e traumas. Cada um tem sua própria escuridão e tenta lidar com ela se isolando dos parentes e do mundo que os cerca.

“Sempre assuma a responsabilidade por suas próprias ações, mas jamais pelas de outra pessoa.”

O pai que não fala com a esposa e vive dentro de uma estufa tentando cultivar rosas perfeitas; a mãe que não fala com o marido e passa seus dias de mau humor fazendo dobraduras de papel que se assemelham a rosas perfeitas; a isolada Isabel que adora eletrônica e constrói uma rádio pirata para seu primo Joaquin, mas que por ser uma moça reservada é conhecida por todos como a “Garota sem Sentimentos”.

Cada um deles vive seu próprio dilema e deve enfrentá-lo e no fim, a maior mensagem que fica é a importância de um seio familiar unido, porque se todos estivessem trabalhando juntos para superar seus obstáculos e medos, as coisas poderiam ser mais fáceis.

É uma narrativa delicada e emocionante que fala sobre conhecer a si próprio; lutar contra seus medos e inseguranças; aprender a conviver com sua personalidade; e a importância da união familiar.

Personagens

Embora eu tenha sentido falta do desenvolvimento e conclusão de alguns coadjuvantes que aparecem na trama, tenho que admitir que cada personagem criado e desenvolvido é de uma criatividade, singularidade e complexidade única. Dotados de características que os tornam humanos e belos aos nossos olhos.

Desde o normal e carismático Pete, até mesmo a perfeita e insegura Marisita.

Todos são peculiares em suas personalidades e aparência e são suas escuridões expostas que movem a narrativa e trazem aquele tom de magia e curiosidade para o leitor. Afinal, não é em todo livro que temos um padre com cabeça de coiote ou um homem que se transforma em musgo lentamente.

“Todo o mundo tem dois rostos: o rosto que apresentamos e o outro por baixo dele.”

Até mesmo os animais que aparecem na trama são significativos e autênticos. Desde as borboletas monarcas grudadas no vestido de noiva de Marisita que não conseguem voar devido a chuva incessante que caí sobre a garota, ou o galo de briga que compreende que ele é apenas um galo e não uma criatura assassina.

Tudo nesse enredo parece ter vida, parece mágico e é impossível terminar a leitura e não se sentir triste e desolado porque queria ver um pouco mais dos Soria e seus peregrinos.

Todos os Santos Malditos” é aquela fantasia urbana que todo mundo que deseja uma história fantástica diferente deveria ler. Uma obra que não carece de explicações para passar a sua mensagem de forma efetiva, afinal basta uma voz no rádio para que compreendamos que o mais importante de tudo é olhar para dentro de nós e compreender que somos mais do que a nossa própria escuridão.


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