[Resenha] Sente-se Comigo – Luciana Chardeli

Recebido em parceria com a Agência Literária Oasys Cultural

Atenção!
Embora a obra não tenha gatilhos, se você ainda se sente ansioso quando falamos do Covid-19, aconselho que pense antes de realizar a leitura.
Lembre-se: Sua saúde mental em primeiro lugar sempre!

O isolamento social causado pelo surto do Coronavírus no início de 2020, com toda certeza, foi o alicerce para que muitas pessoas refletissem sobre suas vidas e a forma como estavam vivendo ou existindo no mundo.

Esse livro é um desabafo cru e visceral dessa época de tantas incertezas e medos.


Nome: Sente-se Comigo
Autor: Luciana Chardelli
Páginas: 119
Editora: 7Letras


Sinopse: Com o início da pandemia e as incertezas da vida, acompanhamos o protagonista e narrador da obra, Téo, expor com crueza e uma linguajem puramente poética o desabafo da sua sobrevivência durante a quarentena imposta devido ao surto mundial do Covid-19. Viajamos por seu passado, suas memórias dolorosas e as perspectivas incertas de que as coisas melhorariam.


Resenha do livro "Sente-se Comigo"Sente-se Comigo” é aquele tipo de leitura que todo leitor vai se identificar, visto que todos passamos pelos mesmos momentos irresolutos que o narrador, Téo, desabafa conosco. Os dias que não passam; as horas que não correm; a sensação de solidão; as lembranças que assolam a memória; e, principalmente, o medo recorrente de algo invisível.

Todos que vivemos durante a pandemia vamos nos recordar do quanto esse período foi difícil.

Através de uma narrativa crua, mas dotada de uma escrita poética e profunda, adentramos na mente e nos sentimentos de um personagem que, embora acompanhado da esposa, se sente mais solitário e sozinho do que quando optava pela solidão. Compreendemos as incertezas que rondam sua mente, os medos que assombram suas memórias e os anseios que perpetuam em seu coração.

“Hoje a solidão se impõe e há portas por todos os lados.”

Um livro que discorre sobre como a passagem do tempo nos afeta em uma situação em que não temos controle sobre nada; a solidão mesmo quando se está acompanhado; relacionamentos; as inúmeras pessoas que tiveram que lutar contra o Covid-19 sem ter o mínimo de assistência em relação a crise pandêmica.

Ou seja, uma narrativa que consegue mexer com nosso íntimo ao apresentar uma história que poderia ser real, a minha ou a sua, descrita em momentos de desespero em que apenas deixar as palavras fluírem por nossas mãos seria um acalento ao nosso espírito.

Início do surto do Covid-19

A trama gira em torno dos primeiros meses em que a Pandemia tomou uma proporção maior ao redor do mundo, fazendo com que a quarentena fosse a única forma de evitar o contágio da doença. Tempos de incertezas; momentos solitários. Eu tenho certeza, que ao ler esse livro, você vai se identificar com Téo em muitos aspectos.

Aqui, o personagem que nos confidencia os seus pensamentos mais íntimos, aborda de uma forma muito crua e poética todas as incertezas que se passam em sua mente durante esse período. Afinal, o que esperar para o futuro quando não se tem ao menos uma perspectiva de melhora? Quando nem mesmo os grandes governantes sabiam o que fazer?

“A vida às vezes é assim, se faz necessário esperar o próximo volume, o próximo parágrafo e às vezes simplesmente admitir que possivelmente não saberemos o final.”

A agonia daqueles primeiros meses em que tudo parecia perdido toma forma na narrativa, evocando os sentimentos de medo e anseios de uma boa notícia em meio a todas as coisas ruins que estavam ocorrendo em 2020; a dor de acompanhar as informações sobre o aumento dos mortos e do contágio sem poder fazer nada; o pavor de ser o próximo.

Todas as sensações daqueles primeiros seis meses estão impressas em cada palavra descrita pelo narrador, alguém que poderia ser eu, você, um parente próximo ou o vizinho ao lado.

A Solidão mediante as Memórias dolorosas

Como bem sabemos, a pandemia nos provocou dias e mais dias em que pudemos refletir sobre a vida, a existência humana, a nossa trajetória. Téo é prova viva disso.

Ao longo do enredo, acompanhamos o personagem discorrer sobre a sua vida, seu passado, suas dores e os fantasmas que ainda o cercavam e assombravam sua consciência. Tudo em um turbilhão de memórias que assolavam sua mente como se fossem lembranças distantes, mas que serviam para tornar aquele exílio forçado mais dramático e solitário.

“O mundo está encolhido. O silêncio parece falar mais alto e o isolamento tornou-se universal. Isolamento não é solidão, ao contrário do que pode parecer o isolamento pode ser mais cruel que a solidão, o isolamento é uma circunstância anormal e portanto, dolorosa, ouso dizer que o isolamento dói mais do que a solidão.”

Se sentir sozinho não foi uma exclusividade do personagem, se sentir só, mesmo estando acompanhado de uma outra pessoa em sua reclusão forçada, também não.

Ao longo da narrativa, me questionei diversas vezes sobre quantos relacionamentos não findaram devido à proximidade que essa restrição social nos forçou a ter; quantos casais que não se conheciam realmente bem, terminaram suas relações porque durante a quarentena perceberam que a união fora um erro e que aquela pessoa não era a certa para si.

É interessante refletir sobre como, nesse aspecto, muitos vínculos chegaram ao fim porque as pessoas já se mantinham fechadas e reclusas muito antes do Coronavírus assolar o mundo.

A passagem do tempo

O tempo não passa, o ponteiro do relógio parece estático.

Era assim que eu me sentia durante os meus dias de reclusão. Eu não conseguia ficar tranquila sabendo do número de mortos, não conseguia parar de pensar no quanto aquele vírus me assustava por ser mortal e por não estarmos conseguindo enfrentá-lo.

O pânico foi meu companheiro nesses primeiros meses.

“O tempo é um pensamento, presente e passado, o futuro inexiste.”

Assim como eu, o narrador da obra reflete sobre como o tempo parece mais longo, como se brincasse com os sentimentos e sensações de cada ser humano vivente sobre a terra. Quanto menos perspectivas temos, mais a ansiedade nos consome e menos o tempo passa, se tornando estático em um momento que só queremos que as coisas melhorem, que uma notícia boa ecoe pelos noticiários.

A trama evoca aquela sensação de que o personagem não tem nada para fazer, de que contar os passos em direção aos cômodos de sua casa é uma forma de ter controle sobre os segundos que antecedem os minutos. Dormir cedo se tornou uma regra, não por ser saudável, mas porque quando dormimos esquecemos e quando esquecemos o ponteiro do relógio parece correr.

O tempo foi cruel na pandemia.

Sente-se Comigo” é um relato, que podemos assumir como verídico, da vida de um homem durante os seis primeiros meses da quarentena provocada pela crise do Coronavírus em 2020. Um desabafo narrado com crueza e poesia, que certamente te lembrara daqueles dias difíceis e te dirá com todas as letras: “Fique tranquilo, você não estava e não está sozinho”.


Se interessou? Quer adquirir?
Compre através do nosso LINK da Amazon.


Comprando através do nosso link, você não paga nada mais por isso e ainda ajuda o blog a trazer cada vez mais conteúdo legal e bem trabalhado para vocês. 😉
Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s