Tem certos livros que são lindos e você sente aquela necessidade de compartilhar a leitura e indicá-la para todo mundo. E eu tenho a honra de lhes apresentar a história de Colin, um rapaz que teve a vida e os sonhos interrompidos por uma fatalidade.
Nome: No Fim do Mundo
Autor: Felipe Gulyas
Páginas: 134
Editora: Grimm
Sinopse: O que você faria se acordasse sentindo que está se afogando?
Com água do mar invadindo seus pulmões?
E quando emergisse, se deparasse com um imenso mar, uma praia, um desconhecido e uma canoa?
É assim que Colin desperta em um, aparentemente, dia qualquer.
Mas o que aconteceu?
Porque ele está naquele ‘Fim de Mundo’?
Acredite, o fim é apenas o começo…
“No fim do mundo” é aquele tipo de leitura que emociona, provoca reflexões e transmite inúmeras mensagens sobre a importância de valorizar quem está ao nosso lado e aproveitar cada minuto da nossa vida. É uma história delicada e potente que aborda de forma única a amizade, cumplicidade, amor e o senso de proteção entre dois irmãos, evidenciando o quanto o luto pode ser corrosivo, ainda mais quando se tem dentro de si o peso da culpa.
Narrado através da visão do protagonista Colin, o leitor inicia a leitura tão perdido quanto o próprio personagem, mas logo a narrativa se encarrega de desenvolver a trama de forma que a cada capítulo fiquemos curiosos para saber o que vai acontecer no presente e o que aconteceu no passado.
“Vida e morte. Isso importa? No final, nós só temos um caminho a seguir. Não importa se somos ricos ou pobres, bonitos ou feios, espertos ou burros como uma porta; nada pode nos salvar quando nossa hora chega.”
Aqui, temos uma história simples e bela que apresenta inúmeras reflexões pertinentes sobre a vida e a morte; nosso tempo na terra; e o que vem depois que tudo acaba, se é que acaba mesmo. É uma obra linda, daquelas que iniciamos curiosos para saber aonde vai dar e terminamos com os olhos marejados devido a bela mensagem que o enredo de pouco mais de 100 páginas transmite.
Afinal, não é necessário uma narrativa longa para nos cativar, mas sim ser sensível o suficiente para tocar nossos corações.
Relacionamento de Irmãos
Se tem uma coisa que eu admiro em obras literárias é quando o autor decide explorar a relação afetiva entre irmãos, creio que seja porque sou muito ligada aos meus, então quando a trama tem esse tipo de desenvolvimento eu me apego aos personagens.
Aqui, não foi diferente.
Eu me identifiquei com o Colin, com seu senso de responsabilidade de mais velho e sua proteção para com o irmão mais novo, Evans. Me emocionei com a preocupação que ele demonstra e o compreendi quando se sentia acuado por ter que deixar de fazer algo para si para fazer para o pequeno.
“É tão trágico— ele prosseguiu— saber que uma vida pode ser tão frágil a ponto de um simples evento mudar tudo. É mais fácil pensar que somos invencíveis, encarar os perigos através dos livros ou filmes. Às vezes, isso me tira o sono.”
E a construção dessa relação ao longo da trama é sensacional, pois além de ser evidenciada da forma mais pura e delicada possível, também expõe como o ato de amar alguém de forma incondicional leva a sacrifícios feitos com o intuito de proteger aqueles que amamos. O autor vai além dessa devoção e propõe a reflexão de que esse amor também pode ser corrosivo e destrutivo, principalmente quando o sentimento de culpa persiste em alguma das partes.
Sem dúvida, o desenvolvimento do laço afetivo que une Colin e Evans é o ponto forte do enredo, visto que ambos os personagens são construídos de forma impecável, com seus sentimentos e emoções trabalhados de forma profunda com o intuito de causar empatia no leitor.
Aproveite a Vida, viva cada segundo
Porque a vida é um sopro. E quando menos esperamos, ela pode se esvair.
A grande mensagem dessa trama é evidenciar que por mais que estejamos bem, nunca é possível prever a imprevisibilidade da vida, mas é possível conviver com ela e aproveitar todos os dias em que acordamos vivos e com a possibilidade de aproveitarmos mais um dia. Afinal, refletir sobre o que vem depois da morte é uma discussão pertinente.
Uma imensidão de mar com água salgada?
Nada?
A escuridão?
A verdade, é que só saberemos quando a nossa hora chegar e não adianta nos preocuparmos com isso quando podemos apenas aproveitar o tempo que nos resta.
“Certas coisas só pensamos quando já é tarde demais, não é?”
A morte, não nos dá uma segunda chance, é por isso que temos que fazer as escolhas certas para que no fim de tudo, no final daquele caminho que temos que percorrer, possamos olhar para trás e sorrir por termos feitos as melhores escolhas e termos nos tornado a melhor versão de nós mesmos.
Colin me ensinou a enxergar a morte não como algo ruim, mas sim como a possibilidade de um recomeço. Afinal, ninguém nunca voltou do outro lado para nos contar como realmente é, então imaginar o além com um pouco de magia não faz mal nenhum.
“No fim do mundo” foi um dos livros mais lindos que li esse ano. Uma narrativa simples que evoca aquele sentimento de empatia ao expor para o leitor o amor incondicional entre irmãos. Uma obra que proporciona bons momentos de reflexão sobre a importância de valorizar cada segundo que temos com aqueles que amamos.