Recebido em parceria com o autor através da Agência Literária – LC Assessoria e Marketing
Uma história repleta de críticas sociais, políticas e ambientais. Um livro de Ficção Científica que propõe reflexões pertinentes sobre como pequenas atitudes são capazes de mudar o mundo.
Nome: E-topia
Autor: Rodrigo Baggio
Páginas: 263
Editora: Recode
Sinopse: Maria é uma estudante prodígio da Universidade de Stanford, na Califórnia, que desenvolve habilidades tecnológicas em trabalhos que são expostos em hackathons. Entretanto, é no Metaverso de Archons, que a jovem se encontra e após sofrer um ataque nesse universo virtual, a garota raqueia o sistema do game, mudando suas propriedades e expondo para a internet todo um esquema criminoso que existe por trás da empresa que desenvolveu o Archons, a Trisk.
Mal sabia Maria, que suas atitudes a levariam a se tornar uma lenda e a ser perseguida por pessoas nada bem-intencionadas.
“E-topia” é aquela leitura mais que imersiva e isso se deve ao fato do autor, Rodrigo Baggio, ter desenvolvido um aplicativo para smartphone que lê os diversos códigos inseridos ao longo das páginas da obra. Um complemento que combina com todo o enredo tecnológico que a narrativa propõe.
Através de uma escrita um tanto explicativa e, em certos pontos, didática, o autor constrói uma trama envolvente que cativa por ser uma ficção científica de fácil compreensão, mesmo que não estejamos habituados com as terminologias ou os conceitos apresentados ao longo da leitura.
O aplicativo desenvolvido exclusivamente para o livro serve exatamente para inserir o leitor nesse universo proposto.
“Aprenda a ficar em silêncio e escutar a si mesma. Às vezes, essa é a melhor maneira de encontrar as respostas.”
A narrativa em terceira pessoa combina com o enredo apresentado, visto que a perspectiva de um narrador onisciente e onipresente torna a obra grandiosa ao revelar o passado e o presente da protagonista, Maria, e inserir pontos de vistas de personagens coadjuvantes que são relevantes para o desenrolar da trama.
Uma das coisas que chama a atenção são as críticas sociais, políticas e ambientais, que evocam a compreensão da força do coletivo e a importância de iniciarmos uma causa, propondo discussões sobre sustentabilidade, bem-estar digital e como é possível unir natureza com tecnologia, fazendo com que a vida seja integrada em uma única rede.
Porque essa, é a E-topia.
Evoluindo a Natureza
Confesso que antes de ler esse livro eu nunca tinha pensado sobre a possibilidade de uma integração Natureza X Tecnologia. No entanto, esse tema chamou minha atenção por ser algo novo na minha visão de mundo e por me mostrar como tudo e todos estamos ligados através de um enorme sistema de coletividade.
Certamente, a inserção dessa discussão é fenomenal.
Aqui, a modernização se mescla com a ancestralidade da protagonista, Maria, ao mesmo tempo em que utiliza os conceitos de sustentabilidade para integrar o uso de conhecimentos tecnológicos de forma a promover o bem-estar social e o uso de recursos não naturais para a preservação ambiental, bem como oferecendo a nós, seres humanos, uma melhor qualidade de vida.
“É preciso sabedoria para fazer uso da tecnologia. Se soubermos usá-la como uma ferramenta cidadã, poderemos não somente transformar vidas e mudar comunidades, como também transformar a nossa sociedade num meio de mais equidade, liberdade e solidariedade. Essa é a nossa e-topia.”
Ou seja, o que temos nessa história é uma trama que evidencia todo o potencial inovador se esta integração for utilizada da forma correta e pelas pessoas certas; um recurso ilimitado que detêm a capacidade de mudar o mundo por ser o alicerce para que pequenas atitudes diárias sejam feitas pensando no bem coletivo.
Afinal, como o próprio enredo sugere, é preciso apenas uma única pessoa a colocar um pequeno ponto em prática, para que uma ideia desponte e uma nova causa seja instaurada no pensamento coletivo, induzindo as pessoas a se unir para tornar o mundo um lugar melhor para todos através da evolução, modernização e integração de um sistema que une o melhor da tecnologia com a natureza.
Crimes Virtuais e Metaverso
Acho que todo mundo já ouviu falar sobre Metaversos e como eles estão se tornando popular no meio digital. O interessante da abordagem feita por Baggio, é o fato dele evidenciar o lado mais obscuro desses mundos virtuais, expondo as consequências danosas do uso incorreto desses sistemas.
Afinal, Metaversos são o espelho virtual do nosso mundo real e seu mau uso pode acarretar danos emocionais e, até mesmo, físicos em pessoas que foram vítimas de algum crime perpetuado no ambiente cibernético.
Ao longo da trama, a protagonista Maria presencia uma situação de violência extrema e é quase vítima do mesmo tipo de crime. Entretanto, são as suas habilidades de hacker que permitem que ela reverta a situação a seu favor e consiga informações confidenciais de um determinado jogador, expondo seus crimes na internet. Tudo teria dado certo, se a empresa que criou o Metaverso de Archons não estive por trás de todos esses crimes, encobertando seus agressores.
“Eu sempre vi nos mundos virtuais um potencial de fazermos testes e avanços científicos, de trabalharmos em novas ideias, campanhas, ações que levem ao impacto colaborativo, empoderando pessoas e organizações… mas a primeira coisa que as pessoas pensam em fazer quando chegam aqui é se entregar à selvageria, como se não houvesse consequências.”
Infelizmente, é justo falar que a internet não é tão segura quanto parece e um sistema de realidade virtual tão semelhante ao mundo real pode acabar sendo o alicerce para que pessoas desprovidas de morais e éticas utilizem do universo digital como um meio de realização de fetiches e atos hediondos considerados crimes na nossa realidade.
A discussão é pertinente e faz o leitor pensar sobre como esse espaço virtual está repleto de pessoas maldosas e como as grandes empresas parecem incentivar cada vez mais esse tipo de comportamento ao não punir de forma adequada seus usuários. A crítica feita pelo autor é importante para que compreendamos que a Internet não é terra sem lei.
Relação pai e filha
E antes de encerrar a resenha eu preciso destacar o quanto o relacionamento de Leon e Maria me emocionou ao longo das páginas.
Aqui, temos um pai e uma filha que, devido a algumas manobras do destino, são obrigados a se separar por anos, apenas para manter um ao outro seguros. Entretanto, o amor que nutrem entre si é tão forte e imenso que reverbera ao longo de toda a narrativa.
“O beija-flor… Ele é um pássaro pequeno. Cerca de 60% do seu corpo é composto pelo coração. Por isso, os indígenas o chamam de ‘coração que voa’. É o que nós dois seremos, a partir de agora. Dois corações voando para longe um do outro, mas sempre unidos.”
Seja por Maria sempre se lembrar de seu pai e querer que ele tenha orgulho dela; pelos momentos contados no passado que evidenciam aquela conexão entre eles; ou pelas várias vezes que a jovem se lembra do pai e se pergunta o que ele faria em seu lugar.
A conexão entre ambos é forte e emociona, principalmente quando sabemos que eles podem se reencontrar um dia; a questão é quando?!
“E-topia” é aquele livro de ficção científica para quem quer uma porta de entrada para o gênero. Através de uma trama simples, narrada de forma quase didática e com o auxílio do aplicativo desenvolvido para a obra, é impossível se perder ou não entender os mais diversos (e complicados) conceitos apresentados. Com críticas pertinentes, essa é uma história que faz o leitor refletir sobre a sociedade e como podemos usar a tecnologia para tornar o mundo melhor.
Admirável Leitura 
A reflexão sobre o tema Natureza+Tecnologia me intriga e atiça minha curiosidade já a alguns anos. E essa analogia sobre o beija-flor é tocante. Me interessei bastante pelo livro! Ótima resenha. 👀📝👍
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