Alerta de Gatilhos: Aborto espontâneo. Assassinato. Traição. Abuso Sexual.
Um Thriller eletrizante que faz o leitor e a própria protagonista desconfiarem de tudo e de todos os personagens apresentados na narrativa. Uma história que provoca emoções que vão desde a raiva, até a mais sublime confusão.
Nome: Greenwich Park
Autor: Katherine Faulkner
Páginas: 424
Editora: Edição da Tag Inéditos de Junho de 2022
Sinopse: Em sua primeira experiência em uma aula de pré-natal, Helen se encontra sozinha. O marido não pode comparecer, pois está preso no trabalho e sua cunhada, Serena e seu irmão, Rory, desistiram de dar prosseguimento a experiência das aulas. Helen não tem ninguém com ela, é assim, que a mulher conhece e se aproxima de Rachel, uma mãe solteira que parece se interessar bastante pela vida de Helen e de seus conhecidos.
“Greenwich Park” é aquele tipo de livro que consegue prender o leitor da primeira até a última página, ao evidenciar desde o início que estamos lidando com uma trama no mínimo ‘esquisita’, uma teia de aranha com diversos segredos e mentiras intrincados.
É assim, que o leitor se pega ansioso para finalizar a leitura e descobrir o que se esconde de verdade por trás da fachada bonita de uma mansão luxuosa.
Através da perspectiva de três personagens femininas, o livro expõe como a vida de ninguém é perfeita, como todos possuem seus problemas, defeitos, medos, desejos, ambições e invejas. O ponto de vista mais recorrente na narrativa é o da protagonista Helen, que possuí todo um ideal de vida perfeita e sem defeitos. Uma mulher ingênua que deseja a vida dos seus sonhos, mas que acaba nutrindo o sentimento de inveja por sua cunhada, tentando ser que nem a moça.
“Ás vezes é difícil não olhar fixamente para pessoas felizes. Por algum motivo, elas são hipnotizantes.”
É através desse sentimento que a obra evidencia o quanto a vida da protagonista está longe de sua utopia.
E embora a trama principal gire em torno de Helen, focando em seu ponto de vista e na construção de sua personalidade, vale ressaltar que o livro detêm um acervo interessante de personagens misteriosos que são bem construídos e que movem a narrativa em torno do suspense da trama. Afinal, aqui todos os personagens parecem ter algo a esconder, principalmente os coadjuvantes mais ‘apagados’.
Então siga meu conselho e não confie em absolutamente ninguém, pois todos detêm a sua parcela de culpa em alguma coisa.
Helen; ingênua ou burra?
Abro a resenha de “Greenwich Park” falando um pouco mais da protagonista controversa, Helen. Uma mulher que está enfrentando os desafios de uma gravidez de risco e que tem todo um histórico relacionado a abortos espontâneos e que devido a isso, se encontra em um período frágil e instável de sua vida, um momento em que ela precisa da companhia das pessoas que ama.
É interessante abordar o contexto em que a personagem se encontra, pra entendermos o questionamento que faço no título desse tópico. Afinal, Helen é apenas uma mulher ingênua para não perceber coisas que ocorrem embaixo de seu nariz ou ela é burra a ponto de fingir que nada está acontecendo e continuar vivendo o seu “conto de fadas” de vida perfeita?
“É como quando você acorda e não consegue se lembrar direito de um sonho. Toda vez que tenta agarrá-lo, ele parece escapar, ficando cada vez mais longe do seu alcance.”
Acredito que essa é uma resposta que cabe ao próprio leitor decidir. Em minha visão, Helen seria uma junção das duas coisas.
Veja bem, ela não quer enxergar a sua própria realidade por estar em um momento bom de sua vida, em que consegue manter uma gravidez por mais tempo, com grandes chances de finalmente se tornar mãe. Mediante a isso, a protagonista fecha os olhos para o que a realidade quer lhe mostrar.
Porém, acredito que a própria gravidez seja o ponto principal para fazer a personagem ser ingênua o suficiente para acreditar e confiar em uma completa desconhecida, a ponto de levá-la para dentro de sua casa. Helen está sozinha, se sente sozinha e precisa de alguém que pareça se importar com ela. É daí, que vem a sua inocência um tanto exacerbada.
Solidão na Gravidez
Nunca estive grávida, mas imagino que devido aos hormônios, esse seja um período de constantes mudanças de humor e também de questionamentos e reflexões. Aquele período em que a mulher precisa, mais do que nunca, estar na companhia das pessoas que ama e que se importam com ela e com seu bem-estar.
Infelizmente, esse é o tipo de apoio que Helen não tem em nenhum momento de “Greenwich Park”, nem mesmo de seu marido, Daniel, que opta por passar mais tempo em seu trabalho do que cuidando do bem-estar da esposa. É triste perceber o quanto a personagem se encontra sozinha, solitária e o quanto isso a afeta profundamente.
“Ele estava acorrentado a mim, ao meu corpo inútil: inchado, sangrando, carregando as cicatrizes feias da gravidez e do nascimento, mas sem vida, sem filhos como resultado. Comecei a achar que estava morta.”
Embora, esse ponto não seja suficiente para fazer o leitor se conectar com a personagem, ainda assim é um aspecto importante da narrativa para justificar certas atitudes de Helen. Afinal, a mulher se encontra sem amigos, com um marido ausente e a única pessoa com quem acha que pode contar, sequer tem tempo para ela. É meio que óbvio, que qualquer sopro de alento que surgir em sua vida será suficiente para acalmar seu coração.
É assim, que ela mesma deixa que sua vida perfeita se destrua, mas será que apenas os eventos que ocorrem no livro seriam o suficiente para destruir seu conto de fadas aparentemente perfeito?
Confiança e vida perfeita
A resposta para o último questionamento é não. Isso porque a trama inteira foca em dois detalhes primordiais.
O primeiro, se refere a como a autora da obra, Katherine Faulkner, constrói uma trama que evidencia com força que não existe vida perfeita, por mais que ela pareça ser utópica. A vida que Helen quer levar nunca vai acontecer porque é algo que não existe. Todos temos nossos desafios diários a enfrentar a todo instante.
“Mas ninguém realmente acha que uma pessoa é ruim, né? Quem quer que sejamos, o que quer que tenhamos feito. Todos nós temos razões, se alguém se der ao trabalho de ouvir.”
Quanto ao segundo ponto, se refere a confiança que depositamos em pessoas que fazem parte da nossa vida.
Já parou para pensar que nunca realmente sabemos o que se passa na mente ou no coração das pessoas que nos cercam?! Será que elas são mesmos confiáveis?!
Essa obra foca exatamente em mostrar como muitas das vezes, confiamos nas pessoas erradas por tempo demais. E olha, isso não está tão longe assim da nossa realidade, existem muitas histórias reais de pessoas que confiavam em pessoas próximas e que foram apunhaladas pelas costas.
Sendo assim, embora seja uma obra de ficção, esse é um livro que evidencia que ‘vida perfeita’ não existe e nunca vai existir em lugar nenhum.
“Greenwich Park” é um Thriller de tirar o fôlego que apresenta uma trama envolta em uma teia de aranha muito bem intrincada, personagens não confiáveis e uma protagonista que possuí uma dose grande de ingenuidade. Uma história repleta de reviravoltas que surpreende o leitor até a última linha.
Adorei, Katherine. Acho que é o tipo de literatura para quem tem nervoso de aço. Fica muito bem com seu estilo. Parabéns ❤️
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Hahaha sim, sim. Ele é pra quem gosta de um mistério rs. Obrigada pelo elogio amigo.
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Uma resenha bem abrangente e que nos faz refletir no quanto é complicado vivenciar a dor alheia, e não perceber os porquês de certas atitudes.
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Muito obrigada por suas palavras. É bem isso mesmo, um livro que trata muito sobre essa questão da empatia.
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