Eu gostaria de ter sabedoria suficiente para fazer uma resenha a altura desse livro. Infelizmente, não sou capaz de expressar em palavras sinceras o quanto essa obra significou para mim e o quanto ela me proporcionou olhar para minha realidade de uma forma diferente, fazendo com que eu enxergasse o sentido que havia perdido.

Nome: Em Busca de Sentido
Autor: Viktor E. Frankl
Páginas: 177
Editora: Vozes
Sinopse (retirada da contra-capa do livro): Aqui, o psicólogo/autor descreve como sentiu e observou a si mesmo e as demais pessoas e seu comportamento na situação-limite do campo de extermínio nazista durante a segunda guerra mundial. Ao fazê-lo, toca na essência do que é ser humano: usar a capacidade de transcender uma situação extremamente desumanizadora, manter a liberdade interior e, desta maneira, não renunciar ao sentido da vida, apesar dos pesares.
“Em busca de sentido” é aquele tipo de livro que quando terminamos a leitura, sentimos que todos deveriam poder ler e conhecer um pouco de tudo que o autor, Viktor E. Frankl, tem a ensinar. Um livro repleto de significado e reflexões pertinentes acerca do sentido existencial e de como nós, como seres humanos, somos capazes de enfrentar nossos dissabores e encontrar um propósito até nas horas mais escuras de nossa vida.
“Quem não passou por isso dificilmente poderá imaginar o desgaste interior causado pelos conflitos da força de vontade que se desenrolam na pessoa do faminto.”
Esse é um livro de não-ficção e ao mesmo tempo uma autobiografia do autor que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Na obra, Frankl discorre sobre o sentido da vida, apresentando ao longo da narrativa os conceitos da logoterapia e como ela é fundamental para atribuir ao ser humano uma nova forma de pensar e de superar os desafios impostos ao longo da vida.
A divisão da obra
“Em busca de Sentido” é dividido em três partes que se conectam. A primeira, que tem o próprio nome do livro, tem como principal mote narrar parte do período em que Frankl se viu prisioneiro em Auschwitz, bem como fazer uma análise do comportamento humano, tendo a si próprio e seus companheiros como objeto de estudo, discorrendo sobre o sentido da vida que os fazia aguentar os horrores e sofrimento oriundos da guerra.
“Nos sabemos dizer até que ponto é verdade que a pessoa a tudo se acostuma, sem dúvida! Mas ninguém pergunta de que modo.”
A segunda parte intitulada “Conceitos Fundamentais da Logoterapia“, possuí uma narrativa mais didática e psicológica, abordando e explicando o conceito da logoterapia, apresentando para o leitor seus fundamentos e sua importância dentro de várias ramificações de tratamentos psiquiátricos e psicológicos, sendo inclusive, de grande auxílio para o tratamento da depressão.
“Assim também nós nos agarrávamos a esperanças e acreditamos até o último instante que não seria nem poderia ser tão ruim”
Já a terceira parte “A tese do Otimismo Trágico“, visa apresentar ao leitor o estudo que tem como finalidade, mostrar que mesmo nos piores sofrimentos é possível encontrar algum sentido e alguma motivação para continuar seguindo em frente. O sentido da vida, está no mundo externo, naquilo que nos cerca e não dentro de nós mesmos.
Em Busca de Sentido
Está é sem dúvida a parte mais difícil e dolorosa de ler. Não devido a linguagem ou narrativa, mas sim, devido aos horrores que o autor se recorda e compartilha com o leitor.
O Nazismo é um período sombrio de nossa história e ler um relato verídico e tão profundo sobre como os prisioneiros eram tratados e as formas insalubres como viviam, dói, machuca e horroriza. E embora, o autor se limite a fazer uma análise psicológica de alguns momentos, ainda assim, as ocasiões escolhidas por ele são dotados de melancolia, sentimento e morte.
“Agora nada mais temos senão este nosso corpo nu (sem os cabelos). Nada possuímos a não ser, literalmente, nossa existência nua e crua. Que restou em comum com nossa vida de antes?”
Entretanto, vale ressaltar que o propósito da obra é mostrar que existe sentido na nossa vida. Sendo assim, o autor discorre sobre vários momentos em que a vida detinha um propósito mesmo dentro de um campo de concentração, além de mostrar como ele, como psicólogo conseguiu ajudar diversos de seus companheiros a não desistirem de suas vidas.
Afinal, sempre existe uma luz no fim do túnel, mesmo que este esteja longe de acabar.
Conceitos Fundamentais da Logoterapia
A segunda parte de “Em busca de sentido” é composta por uma apresentação didática da função da logoterapia dentro da psicologia.
Para quem não sabe, a logoterapia é uma forma de fazer a vida ter algum sentido e é essencial no tratamento contra depressão, sendo responsável por impedir suicídios. Nesse ínterim o autor não apenas mostra como o método pode proporcionar propósito a vida, como também expõe ao leitor que a vida tem seus altos e baixos, mas cabe a nós, sabermos lidar com essas situações e nos fortalecermos através delas.
“O verdadeiro sentido da vida deve ser descoberto no mundo, e não dentro da pessoa humana ou de sua psique, como se fosse um sistema fechado.”
A vida tem um sentido, porém esse sentido não está dentro de nós, mas sim de forma externa e cabe a nós, encontrá-lo. Em um dos relatos do psicólogo, ele relembra sobre como um de seus companheiros no campo de concentração desistiu de tirar a própria vida, após pensar em seu filho e tê-lo como um sentido e propósito de vida.
Então, para você que está lendo isso, saiba que você é importante e sempre haverá algo por que viver, alguém por quem persistir, porque nós somos únicos e sempre haverá aquilo por que lutar.
A Tese do Otimismo Trágico
Apesar de ser a mais curta, para mim, foi a que mais fez sentido dentro do que posso dizer: reflexões pessoais acerca da minha própria existência.
Em “Em Busca de Sentido”, conhecemos um ensaio do autor, em que ele discorre sobre o “Otimismo Trágico” que nada mais é do que tirar ensinamentos e sentido de situações não favoráveis e que provoquem o sofrimento inevitável. De acordo com o autor, é sempre possível atribuir algum sentido ao sofrimento, mas somente aquele que não podemos contornar ou evitar.
“A vida, potencialmente, tem um sentido em quaisquer circunstâncias, mesmo nas mais miseráveis.”
Nesse ponto vale ressaltar que, como seres humanos viventes que somos, não estamos livres de sofrermos e de passarmos por situações ruins. Faz parte da vida de qualquer um de nós, porém a forma como lidamos com essas ocorrências é que define como vamos encará-las.
Escolhemos quem somos.
E um ponto que refleti bastante durante a leitura de “Em busca de sentido”, foi o fato de como o autor discorre sobre como o ser humano é responsável por si mesmo e por suas atitudes. O ser humano é uma criatura versátil que está em eterna evolução, é fácil mudar, assim como é difícil se ressignificar.
O ser humano é uma criatura dotada de inteligência e que pode utilizá-la para o bem ou para o mal.
“A bondade humana pode ser encontrada em todas as pessoas e ela se acha também naquele grupo que, à primeira vista, deveria ser sumariamente condenado.”
Aqui, o autor disserta sobre como a Guerra molda as pessoas e como elas são diferentes entre si, apresentando que nem todos são bons ou maus, mas que sim escolhem seus caminhos. Frankl faz questão de frisar que a maldade humana está em todos, mas cabe a cada um de nós escolher a que lado seguir e servir.
“Em busca de sentido” é um livro forte, mas dotado de significado e reflexões. Uma obra que mostra que mesmo diante das situações mais difíceis, é possível ter um sopro de sentido e descobrir aquela força de vontade de sobreviver que existe dentro de cada um de nós.
Muito consistente essa apreciação da obra do Viktor Frankl que eu tenho na mais alta conta.
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Fico feliz que tenha gostado da resenha Adalberto. Esse é um ótimo livro que acho que deveria ser lido por todos.
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