Aviso: Essa resenha contêm Spoilers do primeiro livro da série: “Corte de Espinhos e Rosas“. Continue por sua conta e risco.
Certas séries literárias possuem continuações mil vezes mais empolgantes do que seu livro introdutório. Esse é o caso série de livros de “ACOTAR”, que possuí um início lento e chato, com uma protagonista que não cativa, mas que tem uma evolução primorosa no segundo volume da série. Realmente, a continuação da história é muito melhor.
Nome: Corte de Névoa e Fúria
Autor: Sarah J. Maas
Páginas: 658
Editora: Galera Record
Sinopse: Após os eventos de Sob a Montanha, depois da morte de Amarantha e de ter se tornado uma Féerica, Feyre está prestes a se casar com Tamlin, o Grão-Senhor da Corte Primaveril. Sofrendo com pesadelos constantes, ela não parece estar tão confortável com o matrimônio e adoraria que algo a salvasse nesse dia. Eis que seu pedido é atendido quando no dia do casamento surge Rhysand, querendo que a recém Féerica passe uma semana em sua corte, cumprindo o acordo que existe entre eles. É assim, que Feyre tem a oportunidade de conhecer um outro lugar de Prythian.
“Corte de Névoa e Fúria” é aquele tipo de continuação que deixa o leitor empolgado para o próximo volume, mostrando que o primeiro livro foi apenas uma pequena “parte” do que a história pode proporcionar. Fato é, que esse é um livro que promete e cumpre o que propõe, compensando o ritmo lento do inicio da narrativa.
É importante mencionar, que houve uma grande evolução na escrita da autora, Sarah J. Maas, do primeiro volume para esse. Certas repetições e vícios de linguagem quase não existem, pontos que haviam me incomodado como leitora no primeiro livro. Ou seja, temos poucos daqueles vícios que me deixam entediada.
“E o sangue em minhas mãos parecia diferente daquele Sob a Montanha. Desse sangue… eu gostei. Sangue por sangue. Sangue por cada gota que tinham derramado do dele.”
Entretanto, além da narrativa continuar exemplar, visto que a escrita de Maas é imensamente imersiva, ressalto que a continuação da trama é um deleite ao leitor. Seja pela introdução de novos e carismáticos personagens, ou mesmo devido a toda a evolução de Feyre, que, com certeza, merece ser destacada, afinal a personagem tem um crescimento narrativo exemplar.
A Evolução de Feyre
Esse foi o ponto que eu mais gostei em “Corte de Névoa e Fúria”; a evolução da protagonista.
Se no primeiro livro eu tinha me irritado com o fato da personagem estar sempre se colocando para baixo apesar de ser forte e inteligente o suficiente para salvar um mundo, nesse volume eu não apenas compreendi todas as suas inseguranças, como também passei a admirá-la.
“Eu não era a garota humana que precisava ser paparicada e mimada, que queria luxo e facilidade.”
Aqui, temos uma Feyre mudada, agora sendo uma Féerica, a personagem está descobrindo sua força e o que pode fazer. Vê-la tendo a iniciativa de aprender a lutar, de aprender a controlar os seus poderes é um deleite, afinal a protagonista deixa de ser aquela mulher que se coloca pra baixo e passa a ficar curiosa sobre tudo o que pode fazer.
Confesso que não senti raiva de Feyre em nenhum momento.
E muito dessa evolução da protagonista se deve ao fato de termos novos personagens incluídos na narrativa, coadjuvantes que são de grande importância para toda o progresso perpetuado por Feyre, que nesse volume ganha, não apenas, amigos e treinadores que querem vê-la crescer, como também uma família.
Porque é exatamente isso que a Corte Noturna é; uma grande e amorosa família.
A Família da Corte Noturna
Se tem uma coisa que eu admirei em “Corte de Névoa e Fúria” foi a família formada pelo círculo íntimo de Rhysand na Corte Noturna.
Além de serem personagens secundários cativantes, o amor, carinho e respeito que todos nutrem um pelo outro é evidente, o que faz com que o leitor admire cada um dos coadjuvantes que possuem sua pontinha de participação em toda a trama.
“Meu amigo em meio a tantos perigos. Meu amante, que tinha curado minha alma quebrada e exausta. Meu parceiro, que esperara por mim contra todas as expectativas apesar da sorte.”
O mais interessante nesse ponto, é a forma como Maas desenvolveu cada um desses personagens, dando a eles não apenas um nome e uma posição dentro da narrativa, como também um passado, sonhos e desejos.
É incrível, pois todos são absurdamente reais e é possível compreender suas dores e principalmente, torcer para que tudo dê certo e essa família consiga ficar unida para todo o sempre.
Os coadjuvantes possuem personalidades distintas, então é fácil se identificar e conectar com cada um deles; seja pela animada e espirituosa Mor, pela sombria e quieta Amren, pelo mulherengo mais ao mesmo tempo encantador Cassian ou pelo misterioso Azriel.
São personagens únicos, cativantes e que certamente, transmitem aquela sensação de família ao leitor.
Uma continuação infinitamente melhor que o primeiro livro
E eu tenho que admitir que, embora eu ainda não tenha me rendido totalmente a essa série, gostei demais de “Corte de Névoa e Fúria”. Acredito que isso se deve ao fato de que esse é um livro que não para. Aqui temos momentos de tensão e ação quase que o tempo inteiro e isso faz com que o leitor fique empolgado para prosseguir.
E embora o romance romântico não seja algo que me agrade tanto, admito que nessa sequência, mesmo presente em toda a narrativa, não foi algo que me incomodou, visto que existe um equilíbrio entre as cenas de paixão e as de ação.
“Quando se passa tanto tempo presa na escuridão, se percebe que a escuridão passa a olhar de volta.”
Além de termos os personagens secundários que certamente fazem dessa continuação maravilhosa, também temos uma Feyre menos depreciativa, uma personagem que está se descobrindo e se permitindo viver de uma forma diferente. Além, é claro, de termos a possibilidade de conhecer novos locais e principalmente novas cortes.
A construção de mundo dessa história continua infinitamente rica e bela e um dos pontos que eu mais admiro.
Ou seja, praticamente tudo nessa narrativa é bem construído e desenvolvido pela autora. Seja no que se refere a construção emocional dos personagens, seja pelas cenas de ação ou as de romance, ou mesmo pelo mundo fantástico da obra, que continua fascinante.
É uma continuação que empolga e que faz com que o leitor sinta vontade de ler um pouco mais sobre Prythian, Féericos e suas Cortes.
Relacionamento abusivo
E é claro que eu não poderia encerrar a resenha sem falar de todo o relacionamento abusivo que existe entre Feyre e Tamlin durante as primeiras páginas de “Corte de Névoa e Fúria”.
Uma coisa que gostei nessa sequência é de como a autora conduziu a relação tóxica e abusiva ao longo das primeiras páginas da obra. Aqui, o leitor se sente apreensivo pela segurança de Feyre devido aos ataques de fúria que tomam Tamlin em alguns pontos da narrativa. E quando a moça se liberta daquele que dizia que a “amava”, é impossível não ficar feliz por ela.
“Tamlin era o Grão-Senhor, meu Grão-Senhor. Era o escudo e o defensor de seu povo. De mim. E se me manter segura significava que seu povo podia continuar a ter esperanças, a construir uma nova vida, que Tamlin poderia fazer o mesmo… Eu podia me curvar a ele naquela questão.”
É interessante como uma obra de fantasia espelha tão bem a realidade.
O que acontece com Feyre; o fato dela ser trancada dentro de casa, ser constantemente vigiada ou mesmo ter que aguentar os ataques de fúria de Tamlin, é mero reflexo do que ocorre na nossa própria realidade todos os dias.
Eu gostei muito de como tudo foi conduzido e de como Feyre enxergou isso como tóxico e abusivo ao longo da trama, percebendo o quanto tudo aquilo lhe fez mal. Um ótimo e sensível trabalho de Maas, que usou do primeiro livro para mostrar que um homem nunca começa abusivo no início do relacionamento, mas se torna abusivo com o decorrer da relação.
E embora eu me sinta feliz por Feyre ter encontrado Rhysand para ajudá-la, fico triste que em nossa realidade, são poucas as mulheres que conseguem encontrar alguém que as faça perceber o quanto aquele relacionamento anterior foi destrutivo.
Ademais, peço que existam mais Rhysands em nosso mundo.
“Corte de Névoa e Fúria” foi a continuação que “Corte de Espinhos e Rosas” precisava. Com uma trama muito mais fluída que o primeiro livro, uma evolução magnífica da protagonista e a apresentação de novos e cativantes personagens, essa é uma ótima continuação que empolga e faz o leitor ansiar por ler o desfecho da história de Feyre.
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Thank You Diana.
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