O Mistério de Falconbridge Hall – Maggi Andersen

Mistérios, romance, casamento por contrato, viagem. Um livro que tinha tudo para dar certo e os elementos perfeitos. Infelizmente, acredito que essa não foi uma leitura pra mim. Os mistérios nada tinham de misteriosos e o desenvolvimento do casal deixou a desejar.


“Casamentos davam errado e era impossível para outras pessoas atribuir culpa”

Nome: O Mistério de Falconbridge Hall
Autor: Maggi Andersen
Páginas: 260
Editora: Leabhar


Sinopse: Após a morte de seus pais, Vanessa Ashley, acaba aceitando um emprego como preceptora em uma mansão cercada por bosques chamada Falconbridge Hall. O emprego seria perfeito, se seu “chefe”, Lorde Falconbridge, não fosse um botânico lindo e atraente e o bosque que rodeia a propriedade não tivesse sido palco de um suicídio local. Além disso, Vanessa descobre que as dependências da mansão escondem muitos segredos, como a morte misteriosa de Clara, a esposa de seu patrão e o desaparecimento repentino de Lillicrop, a antiga preceptora de Blythe, a filha do Lorde Falconbridge.


O Mistério de Falconbridge Hall” é aquele tipo de livro que detêm uma sinopse promissora e atraente, que promete um mistério a ser resolvido e porque não, um romance avassalador. O problema, é que a obra em si não cumpre bem nenhum dos dois pontos, possuindo um romance sem desenvolvimento e um mistério bobo, capaz de ser solucionado logo nas primeiras páginas.

“Tempestades parecem assustadoras, mas elas não podem nos machucar se estamos aconchegados em nossas camas.”

Narrado em terceira pessoa, a trama flui bem, já que a escrita da autora é boa e rápida, entretanto, a falta de descrições e de desenvolvimento da narrativa me incomodou. A trama se estende ao longo de meses, sendo que a obra tem apenas 260 páginas, fato que acaba prejudicando a imersão do leitor.

Além disso, o fato do enredo girar em torno do casamento por contrato e do mistério que cerca a propriedade, faz com que a história não seja tão bem desenvolvida, afinal são poucas páginas para a autora focar em ambos os gêneros, o que faz com a história fique corrida se tornando apenas uma exposição de fatos e não uma narração.

Casamento por Contrato

Em “O Mistério de Falconbridge Hall“, temos aquela famosa trama de casamento por contrato.

Quando o Lorde Falconbridge percebe que sua nova aventura rumo a América do Sul, pode ser perigosa o suficiente para ser a última, com o intuito de não deixar sua filha desamparada, propõe o tal casamento a Vanessa, a moça que atua como preceptora da criança em sua mansão.

Tudo estaria muito bem, se a mocinha da história não estivesse apaixonada pelo Lorde Falconbridge.

“Um casamento que oferecia tão pouca realização ou paixão seria tolerável? Especialmente quando ela queria mais dele?”

Acredito que tramas que envolvem o casamento por contrato são sempre atraentes para quem gosta do gênero “Romance de Época”. O problema, é que aqui esse plot não funciona, sendo apenas um motivo para que a união entre patrão e criada ocorra.

A motivação é interessante, se ela funcionasse dentro do enredo proposto. O que quero dizer, é que por mais que seja um casamento por contrato, ambos os personagens estão envolvidos (de forma forçada por conveniências narrativas) e acabam se entregando a noites e noites de paixão que mostram que existem desejo de ambas as partes.

Ou seja, o plot acaba caindo por terra, além de proporcionar um envolvimento forçado entre um casal que não tem química e sequer é bem desenvolvido.

Casal sem química

Vanessa e Julian não combinam. E não digo isso pelo fato da moça ser uma criada e ele o patrão, já que, ela vem de uma família rica.

O fato deles não combinarem, é que a autora não cria um bom desenvolvimento para o casal. Existem momentos que simulam atração física, mas fica apenas nisso. Os diálogos de provocações entre os dois são breves e apesar de cativarem por mostrar a conexão entre os personagens, são pontos mínimos dentro da história que tenta focar em outras coisas.

“Ela sabia que seus sentimentos por ele eram mais fortes do que tinha admitido para si mesma até então; reconhecendo que aquilo a havia enchido de ansiedade.”

Até mesmo os pontos de ciúmes são desagradáveis de ler pois parecem forçados demais em uma narrativa que acontece muito rápido. Tanto Vanessa, quanto Julian possuem ciúmes um do outro, mas dentro da trama isso não funciona pois o leitor não consegue vislumbrar tempo suficiente para que a paixão ocorra.

Veja bem, a novela é curta demais e a autora opta por contar a história pulando tempos enormes o que faz com que todo o desenvolvimento entre o casal seja perdido ao longo do enredo, bem como causa desinteresse do leitor em conhecer ambos os personagens.

Mocinha desinteressante

Por mais que Vanessa seja uma moça típica inglesa e que a autora tente fazer a mocinha ser um ponto fora da curva, isso não funciona dentro da trama.

Vanessa é instável. Oras ela é aquele tipo de mulher que empina o nariz e enfrenta quem esteja a sua frente, oras é uma mulher louca de paixão que se deixa levar por seus sentimentos e se torna melancólica e chata. E por vezes, a moça é aquele tipo de personagem curiosa, que saí em busca de respostas sem se atentar ao perigo.

“Nos últimos meses ela se sentia como a corda de um violino muito esticada, sentindo a falta dele, o corpo quente no seu, e essas partes essenciais de suas vidas.”

Das três facetas, todas se perdem por serem contraditórias em muitos momentos. Se por um lado Vanessa tem senso de medo, por outro está andando de camisola no jardim em busca de luzes que não faz ideia do que é. Se em um momento ela enfrenta o Lorde, em outros está chorando porque ele não corresponde ao seu amor.

Mocinhas instáveis assim, não me cativam. Vanessa não tem personalidade, ela é apenas um recorte de várias personalidades de outras mocinhas.

Mistérios que não foram bem desenvolvidos

Esse foi o ponto que me fez querer ler “O Mistério de Falconbridge Hall“. A mistura entre suspense e romance me pareceu atrativa, mas o mistério que a autora coloca no livro não funciona.

“O poder da Amazônia te afeta de uma forma estranha. Ao testemunhar o ciclo da vida todo dia, somos forçados a encarar sua própria mortalidade. Os pequenos e fracos são comidos pelos fortes. Somos infinitesimais no esquema das coisas e nosso tempo na Terra é breve. Como é essencial falar e fazer as coisas que realmente importam.”

Aqui, tudo pode ser solucionado e descoberto logo nas primeiras páginas através da impressão que a autora coloca nos personagens que compõem a narrativa. Se ela tivesse sido menos explícita e colocado mais implicitamente as respostas para tudo, sem focar naquele excesso de “intuição feminina”, o suspense teria funcionado melhor.

O mistério é tão bobo e estava na cara do leitor o tempo todo, que ao final quando tudo se concretiza apenas um misto decepção permeia a obra.

Arrisco a dizer, que a trama teria sido bem mais interessante se no final de tudo o culpado fosse o mordomo, corroborando com aquele velho clichê de que o mordomo sempre tem a culpa. Afinal, ele era um cara gentil e poderia ter sido ele e teria sido bem melhor…

Xenofobia?

Xenofobia, preconceito… a obra está repleta deles e eu não posso afirmar se foi intencional da autora devido ao contexto em que se passa a narrativa, ou se foi puro preconceito mesmo…

Em “O mistério de Falconbridge Hall” temos a viagem de Julian para a América do Sul, e embora eu entenda que exista um contexto histórico relacionado a época, as descrições estereotipadas dos nativos serem selvagens a ponto de assassinarem os ingleses me incomodaram bastante.

“As diferenças entre a América do Sul e a Inglaterra eram absolutas. A Inglaterra enevoada, com o canto lírico dos pássaros, animais domésticos, cores suaves e os cheiros amadeirados de carvalho, piho e cedro. Aqui a luz era mais acentuada e as sombras mais profundas; o ar com o cheiro forte de terra que era repleto dos sons de pássaros roucos e predadores ferozes, sob um sol inclemente. Os espaços amplos e a vida florescente eram completamente estranhos a um inglês.”

Outro ponto que também pode ser encarrado como preconceito, é o fato da autora colocar os ciganos como pessoas pobres e que tendem a ser levados por más índoles, praticando roubo e contrabando. Admito, que esse tipo de característica está presente em obras que retratam a Inglaterra do século XIX, afinal “O Morro dos Ventos Uivantes” e “Drácula” estão repleto desse mesmo preconceito, a diferença, é que eles foram escritos em outro tempo.

Na minha opinião, acredito que um livro escrito em 2018 poderia de alguma forma não deixar toda essa discriminação exposta.

Relacionamento de pai e filha

Mas, como nem tudo está perdido. Existe um ponto que devo mencionar e que é bastante positivo em toda a trama; o relacionamento de pai e filha entre Julian e Blythe.

Eu gostei como a autora criou o vínculo entre os dois, apresentando um homem que diferente dos lordes de outras obras, deseja dar atenção a sua filha. Ver os dois cavalgar e trocarem segredos é divertido, assim como é bastante interessante ver o homem agir como professor e ensinar botânica a menina.

Outro ponto que é também interessante de mencionar em relação ao Lorde Falconbridge, é que ele é o tipo de inglês que gosta que sua filha faça novas descobertas. Ele a deixa andar de bicicleta e usar vestidos que são costurados entre as pernas, formando calças. Vale ressaltar, que nessa época, esse tipo de atitude não era bem vista e poucos pais aceitavam isso de suas filhas.

Ou seja, ponto para o Lorde Falconbridge que consegue (diferente de Vanessa) ser um homem a frente de seu tempo, que respeita a individualidade feminina e acredita que elas mereçam ter seus direitos exercidos.

O Mistério de Falconbridge Hall” infelizmente foi um livro que não funcionou para mim. Mas, eu insisto que você deva ler e tirar suas próprias conclusões. A narrativa peca em tentar unir romance e mistério e a falta de desenvolvimento de ambos o gênero é o que mais torna essa trama fraca. Mesmo assim, existem pontos que podem ser abordados como bons, afinal a narrativa flui bem e a relação entre pai e filha é bela de ler.


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