Importante!
Esse é um romance com teor adulto e cenas para maiores de 18 anos!
Aviso: Essa resenha possuí Spoilers. Continue por sua conta e risco.
Um “Enemies To Lovers” que arrebata corações por apresentar um casal maravilhoso; uma mocinha pescadora que é boa de capoeira e no manejo da peixeira; e um encerramento primoroso para uma história de amor que é capaz de tirar qualquer leitor da ressaca literária.

Nome: Dona do Meu Coração
Autora: Stephanie Silvrac
Páginas: 493
Editora: Publicação Independente
Sinopse: Após passar por um transplante de coração, Felipe Monteiro, passa ter estranhos sonhos com uma cidade pesqueira do interior do nordeste brasileiro e um rosto bonito de uma mulher que ele nunca viu na vida. Mesmo não acreditando que sejam lembranças do antigo dono do coração, a possibilidade existe, o que deixa o rapaz intrigado. Disposto a descobrir os mistérios do órgão que recebeu, Felipe viaja para a Baía dos Milagres, a praia que aparece em seus sonhos. Mal sabe ele, que sua vida estaria prestes a mudar para sempre.
“Dona do meu coração” é aquele tipo de livro que por mais que apresente uma história um tanto clichê voltada para o famoso romance “Enemies to Lovers”, consegue surpreender o leitor com um ponto específico que o torna único; a protagonista.
Aqui, temos uma inversão de papéis que a autora, Stephanie Silvrac, propõe para inovar o gênero do romance. Em vez de termos aquele típico mocinho que faz absolutamente qualquer coisa para salvar a mocinha, temos na realidade, uma protagonista que é boa de briga, luta capoeira e ainda sabe usar uma peixeira como ninguém.
“Sempre acreditara que o amor era capaz de muitas coisas, inclusive coisas que a nossa cabeça não é capaz de compreender.”
Quem acompanha o blog, sabe que não é surpresa alguma eu puxar sardinha de personagens femininas fortes que me cativam, pois se tem uma coisa que eu amo em livros, é quando a protagonista deixa de ser a mulher em perigo, para se tornar a dona de si própria.
E Marina, ou Sereia para os íntimos, é tudo isso e muito mais.
Marina, a Sereia
E eu tenho que começar a resenha falando dela, porque não tem como. Sereia roubou meu coração.
Que personagem incrível!
Ousada, petulante, fala o que pensa, não se importa com o que os outros vão pensar de si. Uma mulher cheia de personalidade que não se deixa levar pelo que os outros falam e segue exatamente o que ela quer. Marina, está longe de ser aquela princesinha que vive a beira mar a espera de seu príncipe encantado.
Ela até encontra um príncipe, mas no final, não é a princesa que tem que ser salva.
“Não há paisagem mais linda que esse sorriso, nem maresia mais inebriante do que a da sua pele, nem mesmo o calor do sol se compara ao do seu corpo e o seu beijo.”
Dona de um carisma admirável, a moça surpreende o leitor por ser uma mulher que sabe se defender. Pescadora, ela luta capoeira e ainda usa uma peixeira como ninguém. Inclusive, em um dos momentos mais engraçados da narrativa, a moça salva o seu “príncipe” de um assalto, colocando o bandido pra correr depois de dar uma voadora nele.
Sério, vocês precisam conhecer a Sereia porque ela é incrível!
Regionalismo do Nordeste
E se tem uma coisa que Silvrac conseguiu introduzir em “Dona do Meu coração”, foi toda a regionalidade do nordeste brasileiro.
Aqui, temos uma cidade pesqueira em que o Sol e o Mar se encontram e se unem para formar um paraíso praiano. Seja na forma como as pessoas conversam, no linguajar, na capoeira ou até mesmo nas rotinas mais corriqueiras que cada morador tem, tudo remete ao Nordeste e seus encantos.
“A simplicidade e a rusticidade marcavam cada lugar. As ruas estreitas, as casas humildes e o mar gigantesco se abrindo como o único luxo de toda aquela região.”
As descrições de Silvrac corroboram para que não ocorra apenas um encantamento do leitor pela cidade do interior, mas também para que aconteça aquela conexão que o transporta para a cidade pesqueira.
Ao fim, o leitor certamente sentirá vontade de conhecer o Nordeste e suas praias maravilhosas.
Enemies To Lovers
E devo confessar que quando Silvrac comentou que seu romance era um “Enemies to Lovers”, eu não fiquei tão animada. E o fato principal disso, é que eu nunca havia lido nada do gênero, então fiquei com aquele receio de não gostar.
O bom é que, eu AMEI. E “Dona do Meu Coração” ganhou todo o meu coração para se tornar um favorito da vida.
“E eu não preciso desse coração para te amar… Tenho certeza que, se me arrancassem ele do peito agora, ainda assim eu continuaria te amando… Por que não há uma parte do meu corpo, da minha alma, do meu ser, que não ame você.”
Porém, acredito que o principal motivo para que eu tenha gostado desse romance cão e gato, foi a forma como a autora conseguiu conduzir todos os “arengas” que os personagens tinham entre si. Aqui, não temos brigas ou discussões desrespeitosas, mas sim situações de provocações que beiram a conquista adolescente.
É uma relação de amizade, mas regada de desavenças devido a própria diferença cultural dos personagens, pois Felipe é um homem da cidade grande enquanto Marina uma pescadora de língua afiada. O rapaz, apesar de gostar de provocar a moça, é um príncipe e não passa de seus limites.
Suas “brigas” e discussões são tão bem construídas e leves, que eu me diverti ao ver Marina com raiva de coisas bobas que Felipe dizia apenas para estressar a moça, pois sabia que ela tinha o pavio curto.
Ponto para a autora, que não exagerou nas provocações, não fazendo o romance “cão e gato” ficar desconfortável ou desrespeitoso.
Uma paixão possessiva
E se tem uma coisa em que Silvrac arrasou em “Dona do Meu Coração”, foi na construção de um vilão digno das melhores tramas de novela mexicana.
O homem é um cara possessivo e que tem a capacidade de deixar qualquer leitor com ódio mortal de suas atitudes. Alguém que não sabe ouvir não e que foi acostumado a ouvir “sim” a sua vida inteira. Uma pessoa que se deixa corromper pelo desejo e seu “amor” se torna “obsessão”.
“O maior erro do ser humano é pensar que o inimigo se mostrará como tal. Às vezes ele se apresenta para nós como uma pessoa querida, um amigo verdadeiro, aquele que sempre aparece quando mais precisamos. Mas isso é porque ele se alimenta das nossas fragilidades.”
Eu gostei de como a autora trabalhou a mente do personagem, colocando-o como alguém mentalmente instável, alguém que faria de tudo (de tudo mesmo) para ter, mesmo que a força, aquela pessoa que dizia amar.
E isso, não é amor. O amor não machuca e não toma posse. O amor compreende.
O bacana de toda a construção do vilão, é a breve discussão que Silvrac insere em relação as consequências de seu ato, afinal, dinheiro é um bom suborno e isso fica evidente ao término da leitura, quando as coisas são encobertas e o lado mais fraco leva toda a culpa.
Final
E já que estamos falando dele, do “Final”. Eu só tenho a dizer uma coisa: “Nossa”.
O desfecho da história de amor de Sereia e Felipe é magnífico. Em “Dona do Meu Coração”, temos um final eletrizante que só posso afirmar ser digno de comparação com os finais explosivos dos livros de Sidney Sheldon, ou mesmo, com aqueles finais mais tenebrosos de novelas mexicanas.
E porque?
Porque meus amigos, tem absolutamente de tudo!
Tiro, porrada e bomba! E claro, uma mocinha que é uma heroína e que novamente, está lá para salvar o mocinho, subvertendo toda aquela conversa de que “a mulher é que tem que ser salva”. Balela! Sereia faz aquilo que a maioria das tramas designa para homens. E foi por isso que eu amei esse livro.
Porque a Pequena Sereia salvou o seu príncipe encantado.
“Dona do Meu Coração” é um “Enemies to Lovers” que apresenta uma das mocinhas mais incríveis e corajosas que eu conheci na literatura. Sereia, se tornou uma das minhas personagens preferidas, isso é fato. Assim como seu romance me deixou de coração quentinho. A história perfeita para acalentar corações românticos e tirar um leitor da ressaca literária.