A Carta – Flavia Padula

Aviso: Esta resenha pode conter Spoilers!


Uma novela curtinha que consegue com eficiência mostrar ao leitor o quanto o diálogo é importante, sendo às vezes a única forma de evitar mal entendidos que possam destruir uma ou várias vidas. Uma história simples que expressa com cuidado o quanto um mal entendido afeta relacionamentos e força pessoas a tomarem decisões drásticas.


“Era a mulher mais linda que tinha visto por toda sua vida e havia nela uma aura de tranquilidade e sabedoria que jamais conheceu em nenhuma outra mulher.”

Nome: A Carta
Autor: Flávia Padula
Páginas: 177
Editora: Publicação Independente


Sinopse: Após ficar viúva, Meredith recebe uma visita inesperada e indesejada em sua casa. Farell, sobrinho de seu falecido marido, deseja tratar de assuntos importantes com a moça. Mas, ambos possuem um passado mal resolvido, repleto de mágoas e desentendimentos que os levaram a ficar separados durante 10 anos. Disposta a não receber o homem que um dia ela amou, Meredith se tranca no quarto até que ele vá embora vencido pelo cansaço. As coisas mudam quando uma forte nevasca atinge a casa e impede Farell de ir embora. Será que eles vão se resolver? O que houve entre eles no passado que os fez se afastar assim?


A carta” é uma novela que mesmo com poucas palavras, cativa o leitor e apresenta um enredo que ao final trás uma reflexão sobre como uma conversa pode mudar o rumo de vidas e futuros. A história é fluída, seguindo um enredo que se revela e constrói aos poucos, apresentando ao longo da narrativa os personagens e os acontecimentos que levaram as causas e consequências que permeiam a trama.

O livro possuí um pouco mais de 100 páginas e se passa dentro de uma mansão, durante um período de nevasca. Acontecimento crucial para moldar aos poucos a história, os personagens, os causos e conflitos que ocasionaram no termino do casal.

“Ela era a mulher que lhe despertou o amor um dia e o ódio em seguida. A única pessoa capaz de fazê-lo ficar entre o limiar da paixão e do desespero. Era apenas ela que poderia fazer sua vida ir do céu ao inferno!”

Com personagens bem construídos e desenvolvidos, a narrativa é leve e cativa o leitor por apresentar protagonistas “quebrados” e repletos de defeitos. Personagens que possuem mágoas e sentimentos não resolvidos do passado, mas que mesmo possuindo um orgulho exacerbado são agradáveis de acompanhar por possuírem pensamentos próprios que os tornam únicos e interessantes.

A ambientação

A narrativa se passa em poucos dias, dentro de uma mansão durante uma nevasca. Esse é o ponto que faz a história ser interessante. A autora cria com maestria uma ambientação única que além de juntar personagens que se odeiam por acontecimentos passados, também desenvolve uma trama que possuí intrigas, traições, planos de assassinatos e segredos. Tudo em poucas páginas.

Essa ambientação também possuí alguns significados metafóricos em relação ao que ocorre na vida do casal, afinal quando o protagonista, Farell, chega a casa de Meredith, a nevasca começa a cair. Podemos interpretar o clima sóbrio e frio como uma representação dos sentimentos do casal que havia esfriado durante os anos, mas que pode sim reaquecer após o fim daquele tenebroso tempo de inverno.

“Tudo estava coberto pela neve, nem ao menos o chafariz ele conseguia enxergar. Quanto mais o cenário que deveria ser uma campina limpa e inspiradora, recoberta de grama macia com a promessa de flores coloridas, suavizadas pelas folhagens das árvores centenárias, que ondulavam pelo vento do Sul, dando sombra para refrescar-se do calor. Tudo estava domado pelo oceano de neve.”

E é nessa casa, em meio a uma nevasca tenebrosa que o casal tem finalmente a oportunidade de poder conversar e perdoar mágoas do passado, entendendo e compreendendo os lados de cada um e percebendo que foram vítimas da inveja e obsessão de um homem.

E mesmo que conversar e resolver as intrigas passadas pareça ser uma coisa fácil de fazer, existe muita mágoa e rancor provocados por mentiras que perduraram durante anos. Calúnias forjadas apenas para mantê-los longe um do outro o que faz com que ambos sejam arredios e orgulhosos, impedindo-os de enxergar aquilo que está bem na frente de seus olhos.

Os protagonistas

Essa é uma novela de época e eu admito que o que faz uma história de época ser boa, é a química entre os personagens. E a química que há entre Farell e Meredith é quente demais.

A princípio são um casal cão e gato que se odeia por motivos que nunca foram esclarecidos. Personagens que apesar de diferentes, possuem grandes semelhanças entre si. Afinal, ambos são extremamente orgulhosos e não dão o braço a torcer a nada que seja contrário do que pensam ser o certo. Além disso, possuem convicções fortes que nem mesmo a verdade que está na ponta do nariz deles os convence.

“Entre o ódio e o rancor, Meredith sentiu o hálito do desejo, atormentá-la, ao vê-lo tão impetuoso, e por uma fração de segundos lembrou-se de como era divino ser beijada por aquele homem.”

Farell o protagonista é um homem frio e severo que acredita que foi enganado pela mulher que um dia amou. O rancor reside em seu coração, assim como o amor. No entanto, o orgulho ferido fala mais alto que qualquer paixão ardente da juventude. Já a protagonista, Meredith, é uma mulher forte, orgulhosa e que não dá o braço a torcer. Por acreditar que Farell a abandonou, não consegue perdoá-lo, mesmo que seu coração sempre bata mais forte ao estar perto do homem que ainda ama.

A tensão sexual que existe entre o casal é incrível e prazerosa de ler. É impossível fazer a leitura e não se sentir extasiado com o quanto eles se desejam.

A falta de diálogo e a obsessão

Como mencionei no início, a trama gira em torno de um diálogo nunca feito e artimanhas contadas para separar o casal. Intrigas que permeiam uma misteriosa carta enviada a Farell e que ele acredita ter sido escrita por Meredith.

Ou seja, tudo poderia ter sido evitado se Farell ao invés de acreditar na carta, tivesse procurado Meredith e confirmado o que estava escrito. Uma mentira muito bem elaborada pelo tio do rapaz que por estar apaixonado pela moça, arma a história da carta e simula uma traição do sobrinho. Grávida e desesperada, para Meredith só restava uma opção, se casar com o homem que ela nunca amou e nunca poderia amar, o tio de Farell.

“Entre lágrimas de desespero, ela deixou-se cair no chão e chorou desolada, por ele descobrir seu segredo e por tê-la odiado por causa de uma mentira, fazendo do seu amor, um pesadelo.”

Apesar de ser uma trama simples, a história mostra o quanto vidas podem ser prejudicas por mentiras e obsessões. Tanto Farell, quanto Meredith foram vítimas de um homem cruel que pensava apenas em si mesmo e no seu próprio prazer. Um homem obsessivo que nunca pensou na possibilidade de estar fazendo seu sobrinho e a mulher que amava infelizes por 10 anos. A história também apresenta a importância do diálogo, pois se no momento de fúria ambos houvessem conversado, talvez as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

A carta” é uma história curta que fala sobre a importância do diálogo, do perdão e de esquecer as mágoas passadas. Afinal, muito do que ocorreu poderia ter sido evitado se ambos houvessem conversado antes de tirarem uma conclusão precipitada de tudo. Uma história que cativa pela simplicidade, falta de indulgência e orgulho dos personagens principais.


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