O Diário de Afrodite – Helena Leen

Um reconto contemporâneo sobre os deuses do Olimpo. Já pensou em acompanhar os imortais tidos como supremos na pele de mortais?! Ou melhor ainda, na pele de adolescentes, tendo que lidar com problemas típicos da idade? É exatamente essa face dos deuses gregos que conhecemos em “O Diário de Afrodite“.

Aviso: A resenha abaixo contem Spoilers!
E-book recebido em parceria com a editora Serpentine.

“Toda mulher carrega dentro de si uma deusa, um dia você vai libertar a sua.”

Nome: O Diário de Afrodite
Autor: Helena Leen
Editora: Serpentine
Páginas: 233


Sinopse: Afrodite é uma adolescente tímida de 16 anos que sofre bullying de seus colegas por estar um pouco acima do peso. Com a escola sendo seu maior tormento, apenas uma coisa consegue fazê-la feliz… Os sonhos que tem com um belo rapaz que vive em um bosque, Adônis. No entanto, quando a menina se descobre ser a reencarnação da própria “Deusa do Amor”, tudo muda, inclusive ela mesma. E as coisas ficam ainda mais diferentes com a chegada de um misterioso e doce garoto, Kaléu. Será que existem segredos a serem desvendados? Afrodite é a única deusa reencarnada? E Adônis? Ele é real ou apenas fruto da sua imaginação?


O Diário de Afrodite” é um daqueles livros que surpreende por inovar na forma como “reconta” uma história já conhecida. Aqui especificamente, o leitor vai encontrar uma nova abordagem sobre o mito de “Afrodite e Adônis” e conhecer uma face até então desconhecida dos imortais deuses da mitologia grega.

Com uma narrativa fluida e leve, a história possui carisma necessário para cativar o leitor ao apresentar os deuses como seres mortais adolescentes tendo que lidar com questões como: bullying, aceitação, autoestima, puberdade. Chega a ser um tanto cômico imaginar que seres considerados supremos agora possuem questões mais humanas com as quais se preocupar.

“Por trás dos portões da escola existia um reino impiedoso pronto para devorá-la e que teria que aprender a lidar com tudo sozinha. Teria que travar suas próprias batalhas sem o auxílio de ninguém.”

E uma das coisas mais interessantes a destacar é a própria Afrodite.

A “Deusa do Amor” não é o que esperamos. Reencarnada no corpo de uma adolescente tímida que sofre bullying por conta de seu peso, quando vemos a deusa despertar em seu interior enxergamos uma mudança na jovem que se converte de uma garota insegura que se escondia sob os cabelos vermelhos para uma mulher repleta de autoestima, beleza e carisma.

Quebrando o padrão da beleza

Uma das discussões mais pertinentes na história é o fato de que a autora insere no texto com sagacidade e sutileza uma crítica acerca do padrão de beleza imposto pela sociedade.

Afinal o que é realmente belo? Porque temos que ter um padrão de beleza?

Ao inserir uma protagonista acima do peso que depois de ter a sua “deusa interior despertada” se aceita como quem realmente é, temos um exemplo perfeito de uma história que quebra totalmente os padrões.

“Quem levantou da cama não foi Afrodite, aquela menina gordinha e desajeitada. Quem levantou foi Afrodite, a deusa da beleza.”

Afrodite adquire a autoestima necessária para saber e compreender que é muito mais que um corpo e que a beleza está em tudo que somos, não importando nossa aparência, mas sim quem somos por dentro e como nosso caráter é mais relevante do que possuir um corpo padrão ou uma “beleza grega“.

Ao perceber isso, a menina entende que ela é linda e que ser a “Deusa do Amor” é uma dádiva. Assim, muda seus hábitos e a forma como se veste, passando a demonstrar segurança e autossuficiência aonde vai. Uma evolução incrível que certamente servirá de inspiração para muitos se aceitarem como são e não buscarem aquele padrão inexistente de beleza.

A mitologia

Uma coisa que admirei em “O diário de Afrodite” é em como a autora mesclou com perspicácia o mito antigo com a contemporaneidade, sem parecer forçado ou irreal.

Compramos a história por meramente comprarmos a ideia de que os mitos gregos podem ter existido. Afinal, o estudo das mitologias consegue cativar desde crianças até os mais velhos, sendo um assunto frequentemente abordado em escolas e que possui em sua totalidade todo um importante contexto sociocultural. Sendo assim, não é difícil acreditar que deuses mitológicos poderiam reencarnar como mortais.

“Ali com certeza já não era a Afrodite adolescente. Era a personificação da deusa do amor e da beleza.”

A autora constrói com sabedoria toda uma história com base na mitologia original. Apresentando deuses e conflitos que estão presentes no mito de “Afrodite e Adônis“, bem como as consequências provocadas pela aventura amorosa da Deusa do Amor. Seja com a morte de Adônis motivada pelo ciúme de Ares, Deus da Guerra. Ou mesmo, a introdução de Perséfone, rainha do submundo, na narrativa, uma figura de grande importante no mito por também se apaixonar por Adônis e se tornar uma rival de Afrodite.

A construção mitológica que permeia toda a trama de “O diário de Afrodite” é o ponto que mais chama a atenção, cativando o leitor por mesclar de forma condizente e coerente mito e realidade. Antiguidade e contemporaneidade.

Entretanto…

Como nem tudo são flores, ainda mais quando lidamos com uma história que é baseada em uma mitologia que não é o melhor exemplo de virtude e bons costumes a ser seguido em nossos dias atuais, devo mencionar que o relacionamento de Afrodite e Kaléu me incomodou em diversos momentos.

Primeiro, para explicar meus motivos de ter ficado ligeiramente incomodada com a relação dos dois, devo mencionar que o jovem Kaléu é a reencarnação de Ares, o Deus da Guerra e justamente por ser a personificação do deus da destruição, o menino tem alguns momentos questionáveis em que se torna um tanto “possessivo”. E mesmo que não chegue a ser agressivo, em alguns momentos da trama esse comportamento é perceptível.

“Não importa que nós fomos. O que importa é quem nós somos e quem nós queremos ser.”

No entanto, cabe ressaltar que apesar de ter sido um ponto que me incomodou, devo admitir que é mais um aspecto a ser mencionado acerca da adaptação do mito.

Afinal, Ares nunca foi um dos deuses mais gentis do Olimpo. Embora as atitudes de Kaléu tenham me incomodado nesse primeiro livro, eu espero que ocorra uma mudança nítida do personagem em uma continuação. Ou, que a jovem Afrodite perceba que seu amado não é tão doce assim e opte por ser feliz de outra forma ou com outra pessoa.


O Diário de Afrodite” é um reconto interessante e fiel ao mito original. Uma história meiga que cativa devido a simplicidade narrativa e a evolução da protagonista que se aceita e se torna muito mais do que uma garota feliz com sua aparência, ela se torna a essência da “Deusa do Amor” e nos mostra que toda mulher possuí uma deusa dentro de si que é capaz de quebrar os padrões absurdos impostos pela nossa sociedade.


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