Zero Absoluto – Chuck Logan

Um thriller diferente. Uma história em que você já sabe quem é o culpado na metade do livro. Mas isso tira o brilho da leitura? Eu acho que não, afinal nós sabemos quem é culpado através do ponto de vista de uma pessoa em coma. Ou seja, um thriller diferente, eletrizante, repleto de ação e personagens desprezíveis.


“Se você se livrasse de médicos e enfermeiras toda vez que eles cometem um erro e algum paciente sofre danos no pós-operatório, você teria de fechar metade dos hospitais.”

Nome: Zero Absoluto
Autor: Chuck Logan
Editora: Record
Páginas: 493


Sinopse: Durante uma caminhada tranquila em uma trilha, um grave acidente ocorre e o escritor Hank Sommer tem que ser operado as pressas devido o rompimento de uma hérnia. No entanto, no pós-cirurgia, um erro médico quase lhe tira a vida e ele acaba entrando em coma, ficando em um estado vegetativo. Será que foi um erro médico? Ou existe coisas mais sombrias envolvendo a fortuna milionária do escritor?


Zero Absoluto” é aquele tipo de livro que podemos definir como “eletrizante do inicio ao fim”. Chuck Logan entrega ao leitor um thriller regado de ação, romance e personagens desagradáveis que vamos querer matar ao longo da trama.

“A verdade sobre armas era que, se você segurava uma delas e a apontava para uma pessoa, era melhor estar preparada para usá-la.”

E, talvez o grande mérito dessa história esteja nos personagens, afinal, todos são tão humanos quanto qualquer um de nós. Pessoas repletas de defeitos, que erram e acertam, mas que principalmente fazem qualquer coisa para se dar bem ou conseguir um punhado de dinheiro. Personagens gananciosos que estão dispostos até mesmo a matar apenas para conseguir o que querem.

O desejo que os move

Em “Zero Absoluto” é perceptível que os personagens se movem conforme suas vontades e desejos. São pessoas complexas, humanas, gananciosas. Que possuem desejos sórdidos que vão desde uma boa quantidade de dinheiro, até o amor de uma mulher. É claro que as coisas acabam não saindo muito bem e é esse ponto que difere a trama de outras.

Aqui temos um personagem central. E, é exatamente ele que pode atrapalhar ou ajudar os diferentes núcleos a conquistarem seus desejos. No entanto, existe algo peculiar nesse personagem em questão; ele está em coma, em estado vegetativo. E apesar de conseguir ouvir todos a sua volta, ele não consegue se comunicar.

“O problema em ter um senso de dever altamente desenvolvido era o outro lado da moeda: a vergonha quando se fracassava.”

E quando esse personagem enfim “acorda” de uma forma inesperada, ele não está ali para ajudar ou atrapalhar, mas sim para se vingar. Afinal, seu estado não foi uma mera casualidade e ele sabe disso, principalmente depois que o próprio causador de sua desgraça revela isso a ele. E é assim que ele tem que tentar de todas as formas possíveis mostrar aos seus possíveis aliados quem é o verdadeiro culpado.

Nós já sabemos

Há quem diga que quando um autor assume o risco de contar quem é o culpado na metade ou mesmo no início da trama, isso torna a história chata, previsível ou faça ela perder aquele “tempero” de adrenalina que nos é imposto em um thriller. Particularmente eu não acredito que esse seja o caso de “Zero Absoluto”.

Logan conduz muito bem a história, suas descrições e diálogos são fundamentais para que as peças daquele quebra cabeça gigantesco se encaixem perfeitamente bem e sejam desenvolvidos e conectados na hora certa e no momento certo. O fato dele optar por revelar a identidade do culpado se deve ao motivo simples de que ele sabia exatamente o que fazia, visto que essa revelação torna a trama mais instigante.

Quando sabemos quem é o culpado e observamos suas ações para prejudicar os “mocinhos” sentimos aquele friozinho típico na barriga e dessa forma é possível ponderar que algo vai acabar dando errado. A adrenalina proposta é perceptível nas páginas finais da história que nos deixam ansiosos para saber o desfecho e neutralizados com a impossibilidade de podermos fazer alguma coisa.

E é aí que temos uma aposta totalmente improvável…

Quando chegamos ao final e nos deparamos com o clímax inesperado da trama, somos presenteados com heróis totalmente improváveis. Logan faz questão de provar que ali, naquele contexto, a inteligência fala mais alto que músculos ou armas e que uma pessoa visivelmente debilitada e corrompida pela ganância ou mesmo pelo medo pode ser facilmente corrompida com apenas um piscar de olhos.

“Amy tinha dito que o frio sequestra a sedação. Sequestra a dor, também. Ou, talvez, depois da última hora, a dor apenas houvesse se tornado o seu habitat natural.”

É assim, através de elementos improváveis que Chuck Logan aproveita exatamente tudo que é inserido na trama. Nada é ao acaso e nada foi jogado a esmo. Tudo tem uma serventia e até o final da história, exatamente tudo será usado, seja para o bem ou para o mal.

Mas é claro que existe um, porém…

Infelizmente como nada são flores, devo salientar que achei muitas descrições e passagens do livro enfadonhas. São descrições longas de situações que na minha perspectiva não eram necessárias, como por exemplo a minuciosa descrição de uma operação. É claro que isso prova que o autor pesquisou muito bem as situações descritas e ele tenta de alguma forma fazer com que seus personagens pareçam mais humanos…

Entretanto, eu achei desnecessário. Termos técnicos, descrições alongadas de um trabalho; na minha perspectiva de leitora muito mais atrapalhou do que ajudou, eu ficava com sono cada vez que tinha que ler um capítulo que mais parecia uma “encheção de linguiça” que outra coisa.

Apesar dos capítulos não serem longos, acredito que quase quinhentas páginas foi um exagero. “Zero Absoluto” ainda seria um excelente e original thriller se tivesse em torno de 300, não perderia nada, a não ser os capítulos desnecessários que aparecem ao longo da narrativa.

Diálogos

Uma das coisas que mais achei interessante durante a leitura foi o fato de que os diálogos não são meras conversas entre personagens que não acrescentam em nada na leitura. Muito pelo contrário, todo o diálogo presente na narrativa acrescenta algo na trama. Seja na vida dos personagens ou mesmo no enredo apresentado.

“Engraçado, todas as boas histórias têm começo, meio e conclusão nos quais os escritores amarram todas as pontas soltas. Mas e se você está vivendo o meio longo e feliz e a vida real aparece de repente?”

São diálogos pertinentes que oferecem ao leitor informações contundentes sobre alguém, uma situação ou que informam algo que poderá ser usado no futuro. Ou seja, o autor evita cair no “deus ex-machina” para salvar os personagens em momentos críticos e assim temos uma trama que funciona por ser verossímil.

E acredite, para tudo nesse livro tem uma explicação lógica que permite que acreditamos e vejamos as situações descritas com crença.

Zero Absoluto é aquele uma história amarga, escrita com detalhes que apesar de excessivos não prejudicam a qualidade da trama apresentada. Detentora de um enredo repleto de personagens detestáveis que vamos torcer até o final para que se deem mal. Um thriller eletrizante do início ao fim e que deixará aquele gostinho amargo na boca ao encerrar um ciclo de forma condizente e dolorosa.


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