Maria Lilith – M.R. Von Horn

AVISO: A RESENHA ABAIXO PODE CONTER SPOILERS!

Um livro feminino que mostra a força interior da mulher e sobretudo que dialoga com o medo irracional que temos de envelhecer. Uma história que tem o poder de mostrar que a velhice é apenas uma das muitas etapas da vida e que pode ser aproveitada da melhor forma possível.


“É possível ser feliz e realizar sonhos em todas as fases da vida.
O tempo se encarregará de alterar padrões!”

Nome: Maria Lilith
Autora: M.R. Von Horn
Editora: Publicação Independente
Páginas: 262
Nota: 3,5


Sinopse: Na trama acompanhamos a história de Maria Lilith, uma menina que nasce em uma fazenda no interior do estado de Roraima e que após ter seus pais assassinados em um assalto, é adotada por um casal paulista e passa a viver na cidade grande com os mesmos. Mesmo crescendo longe de seu lugar de origem a menina nunca se desliga de sua “natureza selvagem” e amadurece tendo sempre em mente as melhores lembranças do tempo que passou no paraíso que era a fazenda, sua verdadeira casa.


Maria Lilith” é um daqueles livros que consegue nos ensinar algo a cada página que lemos, através de uma escrita delicada e sentimental, a autora consegue transmitir de forma intima e consequentemente experiente os medos e anseios que se escondem no coração da protagonista da história, e mesmo que não seja possível nos identificarmos com ela em um primeiro momento, é inegável dizer que não nos identificamos com a trama apresentada.

“A maioria das pessoas envelhecem sem alcançar essa maturidade, porque elas preferem focar no lado pior de si mesmo e dos outros e dar valor apenas ao que os olhos enxergam e não ao que a essência mostra, então acham que estão sempre no prejuízo em tudo. Quem olha para fora se compara, quem olha para dentro alcança o equilíbrio”.

O livro narrado em primeira pessoa, possui uma escrita leve e desenvolta o que torna a narrativa fluida, no entanto com uma passagem de tempo bem rápida. Apesar dessa passagem de tempo ocorrer após o termino dos capítulos, é possível se sentir em muitas vezes perdido em relação a idade da personagem, no entanto, apesar dessa rapidez com que a trama se desenrola, isso não prejudica a leitura, muito menos a fluidez e encanto da história, já que a passagem de tempo é necessária para que a trama avance, pois estamos acompanhamos uma espécie de biografia da personagem central que dá título ao livro, Maria Lilith.

Na trama somos apresentados a Maria Lilith, e acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos mais importantes da sua vida, desde sua tenra infância, até finalmente chegarmos em sua velhice. Em meio a todos os percalços que o próprio destino coloca na frente da personagem, ela vai se auto descobrindo e desvendando a sua natureza e essência feminina entendendo de forma profunda as diferentes faces de ser uma mulher. Talvez esse seja o motivo principal da autora ao não esmiuçar com riquezas de detalhes partes menos influentes da vida de Lilith, já que assim o foco seria abordar a questão da vivência e amadurecimento interior da personagem. Um foco muito bem aproveitado e propício para a leitura.

Mulher de Verdade, Mulher Meio-Fera

A protagonista da trama e que narra a história é uma mulher interessante. Nascida e criada em uma fazenda no interior do estado de Roraima, Maria Lilith possui espirito livre que a princípio pode causar uma certa estranheza, afinal seus modos e principalmente seu jeito peculiar de pensar não é visto com bons olhos pela sociedade, entretanto, essa certamente é a cereja do bolo da história. A protagonista é totalmente autêntica, é quem é e não tem vergonha de admitir ou mostrar isso aos outros. Seu lado sensual e fera abrem as portas para despertar nosso próprio lado de mulher sensual e fera. Um lado que todas temos.

“Por que existe tanta censura no comportamento das mulheres quando se fala em sexo? Será que algum dia seremos vistas como pessoas livres, com desejos e direitos iguais ao dos homens?”

Forte, destemida, sonhadora, Maria Lilith é a essência do que é ser mulher. Acompanhar a sua vida é interessante, sua curiosidade quando criança em querer saber e entender tudo, seu comportamento agressivo, seu gênio forte e sua maneira de lidar com as coisas. A juventude é um momento de descobertas de si mesma, ela descobre sua força interior, sua voz interior, sua mentora, descobre os prazeres da vida, os amores carnais e finalmente o amor do coração e a vontade de querer formar uma família. Mas é na meia idade que sua vida se torna realmente empolgante, afinal devastada por não ser mais a jovem de antes, Lilith nos dá um exemplo de renascimento quando aos quase 60 anos se torna modelo e estilista, opta por ter um namoro casual com um rapaz 20 anos mais jovem e se descobre por fim uma mulher madura o suficiente para arriscar qualquer coisa, afinal ela não teria nada a perder, apenas a ganhar.

Apesar de ter uma vida um tanto pacata, as partes mais interessantes são descritas ao longo da história, a perda muito jovem dos pais, a irmã que a procura apenas para insulta-la, a morte repentina do marido e a descoberta posterior de uma traição e de uma filha bastarda deixada pelo falecido. Golpes que ajudam Maria Lilith a enxergar o mundo de uma forma diferente e passar a viver muito mais para ela que simplesmente para os outros. É uma protagonista repleta de defeitos. Uma mulher normal, mas que possui muito para nos ensinar.

Porque odiamos o fato de que vamos ficar velhos?

O livro trata então não apenas sobre a biografia de uma mulher chamada Maria Lilith, mas sim sobre o amadurecimento e o envelhecimento e indo mais além, a obra consegue propor uma discussão repleta de questionamentos pertinentes sobre o fato de que a velhice não é apenas uma forma de nos enxergarmos como “pessoas velhas e perto da morte”, mas sim, uma forma de nos vermos como “pessoas maduras que aprenderam muito com erros e que agora possuem experiência suficiente para arriscar mais”. É na idade avançada que podemos talvez tirar do papel aquele sonho adormecido ou mesmo refletir e questionarmos sobre os caminhos que optamos seguir. Quando se chega a uma certa idade, é comum que as pessoas se sintam tristes, mas estar mais velho não é sinal de derrota e sim de vitória. É o momento em que estamos mais aptos e suscetíveis ao iminente sucesso.

“Escolhas aos vinte anos raramente são certas e definitivas. Mudar é o ciclo evolutivo normal. Quem congela no tempo não evolui, não melhora!”

A discussão sobre a velhice afetar negativamente as pessoas, sobretudo a mulher, foca principalmente na questão da feminilidade. O livro foca principalmente em trazer à tona discussões sobre o corpo feminino, a menopausa, a carência e em como esses aspectos são de suma importância para a compreensão da natureza feminina.

A questão é justamente, porque velhice tem que ser sinônimo de feiura e decadência e não de autossuficiência, beleza e ascensão? Esse é um dos grandes tabus quebrados no livro, afinal aos 60 anos, Maria Lilith se torna uma modelo e quebra todas as rédeas impostas por uma convicção da sociedade que diz que se você é velha você não é mais mulher como antes.

O ser humano valoriza o novo porque significa distância da morte, o medo atávico. O que vale é perpetuar a espécie e fugir da finitude.”

Maria Lilith” é um livro que recomendo pois possui uma história interessante que apresenta as diversas faces da vida de uma mulher sob a ótica de uma personagem livre, sonhadora e sem medo de ser feliz o que nos ajuda a compreender um pouco mais sobre o místico universo feminino.


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